segunda-feira, 25 de abril de 2016

Parlamentares brasileiros se ofendem e deixam evento do Mercosul

Uma comitiva de deputados e senadores brasileiros deixou evento desta segunda-feira (25) de comemoração dos 25 anos do Mercosul, em Montevidéu, no Uruguai, em protesto por se sentir desprestigiada. A informação foi passada pelo deputado Arthur Maia (PP-BA) e pelo senador Roberto Requião (PMDB-PR), chefes da delegação brasileira de parlamentares.

Segundo Maia e Requião, os deputados e senadores brasileiros foram colocados nas cadeiras do fundo do plenário, enquanto funcionários e integrantes dos ministérios de Relações Exteriores dos países do bloco ocupavam os melhores lugares.

De acordo com os parlamentares brasileiros, irritados, 17 dos 20 representantes do Brasil presentes à cerimônia desta segunda deixaram o evento. A cerimônia era presidida pelo presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, que na semana passada deu uma entrevista divulgada no site oficial do Parlasul, o Parlamento do Mercosul, na qual afirmou que o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff era um “golpe parlamentar”.
“Fui para a frente da mesa que dirigia a cerimônia. Quando o mestre de cerimônia pediu silêncio, eu falei alto. Disse que a delegação estava se retirando, porque considerava aquilo desrespeito”, completou o deputado.“Havia essa reunião do Mercosul comemorando 25 anos do bloco e lá estava presente o presidente do Uruguai. Quando chegamos, haviam reservado para a delegação brasileira as últimas filas do plenário. Credito isso a uma retaliação pela votação do impeachment”, disse Artur Maia.
Artur Maia afirmou que o presidente do Uruguai ainda tentou, sem sucesso, convencer a delegação a voltar. O deputado disse ainda que, em reunião do Parlasul, marcada para esta quarta (26), vai criticar a posição de Tabaré Vázquez sobre o impeachment e defender a regularidade do processo de afastamento.
G1 entrou em contato com a Secretaria de Comunicação do Parlamento do Mercosul, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem. O presidente do Parlasul, o argentino Jorge Taiana,  já afirmou em comunicado de imprensa publicado na página oficial do órgão, que o processo de impeachment de Dilma é um "golpe parlamentar e uma utilização forçada da lei de impeachment".

O Parlasul, composto por integrantes dos cinco países-membro do Mercosul, é o órgão responsável por legislar sobre questões referentes à integração do bloco. As matérias aprovadas, no entanto, precisam passar pelo Legislativo de cada um dos países. Atualmente, Argentina e Paraguai são os únicos países com representantes escolhidos especificamente para o Parlasul por eleições diretas. No caso do Brasil, por exemplo, os representantes são membros eleitos para o Senado Federal brasileiro e para a Câmara dos Deputados.
O senador Roberto Requião confirmou a retirada da delegação brasileira do evento, mas disse não ver relação entre a distribuição dos lugares e as críticas de Vásquez ao processo de impeachment.

“O que aconteceu foi que colocaram todos os parlamentares atrás do auditório, inclusive os presidentes de delegações nacionais. Viemos assistir a uma cerimônia e não podíamos ser colocados em posições secundárias. Nós nos retiramos da reunião. É uma tendência das chancelarias não dar importância ao parlamento”, criticou o peemedebista.
Nesta terça (26), o Parlasul vai realizar sessão plenária, para discutir, entre outros pontos, medidas de integração das comissões permanentes do parlamento do Mercosul. A sessão vai ser presidida pelo presidente da Câmara dos Deputados do Uruguai, Gerardo Amarilla.

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