terça-feira, 2 de setembro de 2014

À deriva por 5h, pai e filho fazem selfie antes de resgate em Belterra, PA


Eles ficaram à deriva no Rio Tapajós após lancha naufragar.
Vítimas estavam de colete salva-vidas e ligaram para um amigo.

Karla LimaDo G1 Santarém
Foto mostra vítimas de coletes e agarradas a recipientes que flutuam (Foto: Divulgação/Capitania FLuvial de Santarém)Foto mostra vítimas de coletes e agarradas a objetos que flutuam (Foto: Antônio Aguiar/Arquivo Pesoal)
Um pai e um filho passaram cinco horas à espera de um resgate após sofrerem um naufrágio no Rio Tapajós, no fim da tarde de segunda-feira (1). De acordo com o comandante da Capitania Fluvial de Santarém, capitão Robson Oberdan, a lancha em que estavam afundou após uma ventania causada pelo mau tempo. Antônio Ximenes de Aguiar, de 41 anos, e Artur Rafael Ximenes de Aguiar, de 11 anos, ficaram à deriva em frente à praia de Maguari, no município de Belterra, oeste do Pará. Aguiar registrou o momento com um selfie e disse ter certeza de que sairia da situação.
A foto mostra pai e filho com coletes salva-vidas, agarrados a objetos flutuantes. Aguiar disse que registrou o momento para depois compartilhar com amigos. "Senti vontade na hora. Fiz mais de uma foto com o pensamento de que iríamos nos salvar e compartilhar com os amigos pelo whatsapp quando saíssemos da água. A gente tentou não ficar apavorado. Eu sabia que uma hora, poderia ser de madrugada, mas íamos chegar até a beira [do rio]. Assim que ficou escuro, comecei a nadar e me guiei por uma estrela porque à noite é difícil se localizar. Eu sempre conversava com meu filho para ele ficar calmo e pedi para ele flutuar para não se cansar, e eu nadava. O medo dele era de que do outro lado tivesse jacaré".
No meio da escuridão, vítimas utilizaram luz de celular para serem avistados (Foto: Divulgação/Capitania FLuvial de Santarém)No meio da escuridão, vítimas utilizaram luz
de celular para serem avistados
(Foto: Divulgação/Capitania Fluvial de Santarém)
Segundo Aguiar, logo após a lancha afundar o filho ficou preso. “O meu filho ficou com a perna presa em uma fita da lancha, então eu segurei ele para não ir junto [para o fundo do rio]. O celular estava dentro de um vidro que não entra água. Aí o celular tocou e vi que funcionava naquela área. Liguei pra um colega e ele acionou a Marinha. Era muita água. Parecíamos um pontinho no meio do rio. É um dos lugares mais largos do Rio Tapajós. Nós estávamos uns oito quilômetros de distância da margem. Peguei tudo que flutuava e fui juntando. Tinha oito coletes na lancha. Dei um para o meu filho, coloquei um entre as pernas deles, usamos carotes [recipientes para armazenamento de combustíveis]”.
Os dois saíram na embarcação da Vila de Alter do Chão e seguiam para a comunidade Amorim, em Belterra quando o incedente ocorreu. Utilizando o celular eles entraram em contato com um amigo que acionou o resgate, e com uma lanterna sinalizaram sobre os coletes para serem avistados pela equipe da Marinha. “A pequena embarcação naufragou por volta de 16h, então a capitania foi acionada pelo NIOP por volta de 18h. Às 21h nós conseguimos localizá-los bem no meio do rio, num trecho que a margem do rio tem cerca de 10 km de extensão. O celular ajudou no pedido de socorro e com a lanterna conseguimos identificar um ponto de luz na água, na escuridão”, conta.
O resgate foi feito por dois militares da Marinha e um policial militar. Ao chegar à cidade, as vítimas não foram encaminhadas ao hospital, pois estavam conscientes. Ximenes sofreu apenas alguns ferimentos ocasionados pelo combustível que vazou do carote.
Segundo o comandante Robson, um inquérito administrativo foi instaurado para apurar as causas do acidente. Dados sobre a embarcação e sobre habilitação do condutor serão levantados durante o inquérito.
Eles foram localizados cinco horas após a lancha afundar (Foto: Divulgação/Capitania FLuvial de Santarém)Eles foram localizados cinco horas após a lancha afundar (Foto: Divulgação/Capitania Fluvial de Santarém)

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