domingo, 7 de outubro de 2012

Eleições no Estado do Rio têm 400 presos na manhã de votação



AE

Agência O Globo

RIO - O número de pessoas detidas no Estado do Rio suspeitas de promoverem boca de urna já chega a 400, segundo o presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ), desembargador Luiz Zveiter. Todas estas detenções foram feitas até as 10h da manhã. Os presos só serão liberados após o término da votação, com a audiência marcada.
O delegado do centro de comando da Polícia Civil, Glaudiston Galiano, esteve no Maracanã, para onde os detidos da capital estão sendo levados, e disse que, a partir de agora, a ordem é que os presos flagrados fazendo boca de urna sejam levados primeiramente para as delegacias das respectivas regiões. Só depois de prestarem depoimentos é que eles serão encaminhadas para o estádio, já que o atendimento no local não está dando vazão ao número de presos. Até o início da tarde, era esperada a presença de um juiz.
Um dos presos, o candidato a vereador Raimundo Benício de Souza (PTB), contou que estava na passarela nova da Rocinha conversando com as pessoas, invariavelmente pedindo voto, mas sem distribuir material.
- Não houve agressão. Vou prestar os depoimentos necessários - disse ele.
Alguns presos que estão no Maracanã reclamavam da falta de água e comida. Dois carros de som apreendidos em Vila Isabel foram levados para o estádio. Os fiscais do TRE lacraram os veículos. Um deles é do candidato a vereador Dr. J. Santana (PTB).
No Maracanãzinho, a Polícia Militar encheu um micro-ônibus com eleitores detidos por suposta boca de urna. Todos eles vestiam camisetas amarelas, mas não havia nelas nenhuma menção a candidatos ou partidos. Uma das detidas é Paloma Ribeiro, 19 anos, filha do candidato a vereador Leonardo Rodrigues Lima, o Léo Comunidade (PTN). De dentro do veículo, pela janela, Paloma disse à reportagem que os policiais teriam usado de força ao detê-la.
- Eles querem suprimir o direito de manifestação da favela - disse a eleitora.
O candidato a vereador pelo PSDC, João Ricardo, foi detido na Rocinha. Ele contou que a detenção ocorreu quando ele conversava com eleitores da comunidade nesta manhã de domingo, no caminho para Ipanema, onde votaria.
- A única coisa que me entristece é que não vou poder ver a minha foto na urna - lamentou, prevendo permanecer detido durante todo o dia.
Os homens presos em Engenho Novo estavam preparando a boca de urna para o candidato a vereador Bencardino, do Partido Trabalhista Cristão (PTC), da coligação "Por um Rio melhor" (PTC/PSC) com panfletos e santinhos.
O domingo de eleição começou com boca de urna na Maré, comunidade que ainda não tem uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Nos primeiros 30 minutos de votação, a boca de urna estava liberada na Escola municipal Bahia, na favela do Timbau, um dos pontos de maior concentração de eleitores do Complexo da Maré. Policiais militares que estavam dentro do colégio, saíram para a Rua Guilherme Maxwel e reprimiram os cabos eleitorais, ameaçando prendê-los. A PM também destruiu cartazes de candidatos que estavam espalhados nos arredores, com fotos dos candidatos a prefeito Eduardo Paes (PSB), e a vereador Coronel Angelo (PSD). A Marinha só chegou ao local às 9h05m, em quatro caminhões e um jipe.
Antes de as urnas serem liberadas pontualmente, já havia centenas de eleitores na fila que rodeava a Escola Bahia. Segundo a assessoria de Comunicação Social da Marinha, o patrulhamento dos fuzileiros navais será diferente do realizado durante a semana. A orientação é que os militares circulem pelas ruas principais das favelas Fogo Cruzado e Timbau, no Complexo da Maré. Cerca de 500 fuzileiros navais do 1º Batalhão de Infantaria dos Fuzileiros Navais são responsáveis pelo policiamento.
Alguns eleitores que moram na Maré contam que o clima é de tranquilidade, mas evitam se identificar. Boa parte dos moradores diz que a preferência no voto é por candidatos a vereador que vivem na favela.
Mais de trinta mil policiais para garantir a segurança no estado
O porta-voz da Polícia Militar, coronel Frederico Caldas, informou que a PM mobilizou 30.400 policiais para garantir a tranquilidade das eleições deste domingo em todo o estado. Além da capital, onde está o maior efetivo, as cidades que contam com o maior policiamento são Duque de Caxias, São Gonçalo, Nova Iguaçu e Niterói. Ao todo, 2.553 carros e três helicópteros foram deslocados para trabalhar na segurança dos locais de votação e no transporte das urnas. A PM ainda mantém uma tropa reserva formada por 320 policiais do Bope e 400 do Batalhão de Choque.
O porta-voz acompanha nesta manhã a votação na Rocinha, na Zona Sul do Rio, a primeira desde a instalação da Unidade de Polícia Pacificadora no local. Segundo ele, 160 policiais da UPP trabalham neste domingo na comunidade para evitar irregularidades.
Considerada uma das comunidades mais perigosas da Zona Oeste, a favela de Antares, em Santa Cruz, não contou com a vigilância do Exército nesta manhã. A comunidade, onde foi morto em novembro o cinegrafista da Band Gelson Domingos, tinha previsão de ocupação militar durante o pleito. Na última quinta-feira, ao chegar à favela, os soldados foram recebidos a tiros de fuzil.
Segundo a PM do Posto de Policiamento Comunitário, os militares só permaneceram na comunidade na quinta-feira, para dar auxílio a fiscais do TRE e não voltaram mais. Ainda, segundo a PM, a comunidade teve suas zonas eleitorais transferidas para outras regiões por ser uma área de risco.
Em Santa Cruz, o Exército ocupou a região central do bairro e a comunidade da Urucânia, que não estavam na lista dos locais a serem vigiados. Na região de Cosmos, onde foi preso na semana passada o miliciano Carlão, não foi vista a presença dos militares. Na Cidade de Deus, o Exército se concentrou na região administrativa.
O município do Rio terá cinco locais para onde as pessoas presas por boca de urna durante o primeiro turno das eleições municipais, neste domingo, ficarão detidas. São eles: o Maracanãzinho, Olaria Atlético Clube, Madureira Esporte Clube, Centro de Treinamento de Judô Brasil Vale ouro (na Vila Militar) e Vila Olímpica Oscar Schmidt (em Santa Cruz).
Segundo a assessoria do TRE, 527 urnas no estado Rio apresentaram problemas, sendo que apenas 129 foram substituídas. Nenhum município apresenta voto manual (com papel). Nas urnas biométricas nenhum problema até agora.
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