domingo, 11 de setembro de 2011

Chimpanzés dão à luz como os humanos

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@ NatureUma das características chave do parto humano, há muito considerado única doHomo sapiens, a saída do bebé virado para trás em relação à mãe, foi observadanos nossos parentes mais próximos, os chimpanzés.

A descoberta, relatada na última edição da revistaBiology Letters, questiona o argumento de que os bebés que nascem virados para trás foram um factor importante na evolução das parteiras em humanos. Em vez de procurarem assistência quando entram em trabalho de parto, as chimpanzés grávidas procuram solidão.

"É claro pelas nossas observações que os chimpanzés bebés nascem virados para trás mas as fêmeas dão à luz sozinhas", diz o autor principal Satoshi Hirata, biólogo comportamental no Instituto de Investigação sobre Grandes Primatas dos Laboratórios Bioquímicos Hayashibara em Tamano, Japão. "Assim, a orientação reversa claramente não é uma condição necessária à evolução das parteiras."

Espantosamente, antes de Hirata ter filmado três chimpanzés cativos a darem à luz, ninguém tinha observado o parto dos chimpanzés de perto e assumia-se que as crias nasciam virados para a frente, como os de muitos outros primatas não humanos (clique aqui para ver um dos vídeos da equipa de investigadores).

Hirata pensa que é provavelmente porque o momento do nascimento é imprevisível e porque as fêmeas grávidas não gostam de companhia quando dão à luz. "Elas ficam muito nervosas."

Os investigadores foram capazes de observar os nascimentos apenas devido à sua relação muito próxima com os animais que estudam. "Nós até dormimos nas instalações dos chimpanzés todas as noites", diz Hirata, "por isso podemos estar no mesmo local que as fêmeas grávidas e registar o comportamento muito de perto."

Hirata diz que, durante os nascimentos, ele e os seus colegas não tinham ideia de que estavam a testemunhar algo tão espantoso. Foi apenas graças a uma discussão com uma investigadora do parto humano que a importância das suas observações veio a lume. "Ela estava muito surpresa por ver a orientação do bebé, por isso resolvemos escrever um artigo sobre isso."

A ideia de que os bebés nascerem virados para trás, tornando difícil à mãe recolher a criança, pode ter sido instrumental na evolução das parteiras foi primeiro sugerida por antropólogos na década de 80. "Mas os seus argumentos não se baseavam em dados comparativos claros de primatas não humanos", diz Hirata. "Agora os nossos dados mostram claramente que não se trata disso."

Wenda Trevathan, antropóloga biológica na Universidade Estadual do Novo México em Las Cruces, foi uma das primeiras a sugerir que a orientação do feto tinha desempenhado um papel importante na evolução da parteira.

"Levou 25 anos a que as pessoas começassem a relatar algumas observações que ajudassem a confirmar ou refutar a minha hipótese", diz ela, "estou feliz por finalmente termos alguns dados observacionais sobre chimpanzés, é um avanço para a ciência."

Trevathan considera que ainda existem aspectos do parto humano que o tornam "único ou, pelo menos, muito invulgar". "Um deles é a série de rotações que o feto sofre à medida que nasce, não tenho a certeza se isso foi questionado. Outro é a busca rotineira por assistência."

Ela acrescenta que a orientação da criança humana ainda nos dá uma explicação convincente para a evolução da parteira em humanos pois "a assistência decididamente facilita o parto quando o bebé sai nessa posição". Ela também pensa que os seus argumentos foram mal interpretados. "Eu nunca disse que a assistência é uma necessidade no parto humano mas antes que era benéfica."

Trevathan pensa que a questão pertinente não é porque as parteiras surgiram na espécie humana mas antes porque não surgiram nos chimpanzés.

Apesar do estudo não lidar com essa questão, certamente ajuda a esmagar a ideia ultrapassada de que os humanos são de alguma forma diferentes do resto do reino Animal. "De modo geral penso que os humanos têm tendência a acreditar que somos únicos", diz Hirata, "mas essa crença não se baseia em factos."

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