sábado, 17 de setembro de 2011

(@)ARROBA, A ORIGEM



Durante a Idade Média os livros eram escritos à mão pelos copistas. Precursores dos taquígrafos, os copistas simplificavam seu trabalho substituindo letras, palavras e nomes próprios por símbolos,  sinais e abreviaturas. Não era por economia de esforço nem para o trabalho ser mais rápido (tempo era o que não faltava, naquela época!). O motivo era de ordem econômica: tinta e papel eram valiosíssimos.  
Assim, surgiu o til (~), para substituir o m ou n que nasalizava a vogal anterior. Se reparar bem, você verá que o til é um enezinho sobre a letra. O nome espanhol Francisco, também grafado Phrancisco, foi abreviado para Phco e Pco, o que explica, em Espanhol, o apelido Paco,  comum a quase todo Francisco (meu pai era chamado, na família, de Paquito, meus avós eram espanhóis).
Ao citarem os santos, os copistas os identificavam por algum detalhe significativo de suas vidas. O nome de São José, por exemplo, aparecia seguido de Jesus Christi Pater Putativus, ou seja, o pai putativo (suposto) de Jesus Cristo. Mais tarde, os copistas passaram a adotar a abreviatura JHS PP, e depois, simplesmente, PP.
A pronúncia dessas letras em sequência explica por que José, em Espanhol, tem o apelido de Pepe (meu avô materno era assim chamado, seus pais eram espanhóis).   Já para substituir a palavra latina et (e), eles criaram um  símbolo que resulta do entrelaçamento dessas duas letras: o &,  popularmente conhecido como e comercial em Português, e ampersand, em  Inglês, junção de and (e, em Inglês), per se (por si, em Latim) e and.  
E foi com esse mesmo recurso de entrelaçamento de letras que os  copistas criaram o símbolo @, para substituir a preposição latina ad, que  tinha, entre outros, o sentido de casa de. Foram-se os copistas, veio a imprensa – mas os símbolos @ e  & continuaram firmes nos livros de contabilidade. O @ aparecia entre o número de unidades da mercadoria e o preço. Por exemplo: o registro contábil 10@£3 significava 10 unidades ao preço de3 librascada uma.  Nessa época, o símbolo @ significava, em Inglês, at (a ou em).  
No século XIX, na Catalunha, Espanha, o comércio e a indústria  procuravam imitar as práticas comerciais e contábeis dos ingleses. E, como os espanhóis desconheciam o sentido que os ingleses davam ao símbolo @ (a ou em), acharam que o símbolo devia ser uma unidade de peso. Para isso, contribuíram duas coincidências: 1 – A unidade de peso comum para os espanhóis na época era a arroba, cuja inicial lembra a forma do símbolo;   2 – Os carregamentos desembarcados vinham frequentemente em  fardos de uma arroba.
Por isso, os espanhóis interpretavam aquele mesmo registro de 10@£3 assim: dez arrobas custando3 librascada uma. Então, o símbolo @ passou a ser usado por eles para designar a arroba.  O termo arroba vem da palavra árabe ar-ruba, que significa a quarta parte: uma arroba (15 kg, em números redondos) correspondia a π  de outra medida de origem árabe, o quintar, que originou o vocábulo português quintal, medida de peso que equivale a58,75 kg.  
As máquinas de escrever, que começaram a ser comercializadas na sua forma definitiva há dois séculos, mais precisamente em 1874, nos Estados Unidos (Mark Twain foi o primeiro autor a apresentar seus  originais datilografados), trouxeram em seu teclado o símbolo @, mantido  no de seu sucessor – o computador. Então, em 1972, ao criar o programa de correio eletrônico (o e-mail), Roy Tomlinson usou o símbolo @ (at), disponível no teclado dessa  máquina, entre o nome do usuário e o nome do provedor. E foi assim que  Fulano@Provedor X ficou significando Fulano no provedor X.  
Na maioria dos idiomas, o símbolo @ recebeu o nome de alguma coisa parecida com sua forma: em Italiano, chiocciola (caracol); em Sueco,  snabel (tromba de elefante); em Holandês, apestaart (rabo de macaco). Em alguns, tem o nome de certo doce de forma circular: shtrudel, em iídisch;  strudel, em alemão; pretzel, em vários outros idiomas europeus. No nosso, manteve sua denominação original: 

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