Paraná -  No leito, a paciente internada na UTI do Hospital Evangélico, em Curitiba, depois de uma cirurgia, não podia falar. Estava respirando com a ajuda de aparelhos. Mesmo ainda entorpecida pelos medicamentes, a mulher ouviu uma ordem assustadora em dezembro: alguém mandou, segundo seu relato, desligar o aparelho que a ajudava a se manter viva. Sua única saída foi pedir à filha papel e caneta e escrever um bilhete desesperado: “Eu preciso sair daqui pois tentar hoje me matar desligando os aparelho (sic)”.
Virgínia, que está sendo chamada de ‘Dra. Morte’, foi presa na terça-feira | Foto: Henry Milleo / Gazeta do Povo
Virgínia, que está sendo chamada de ‘Dra. Morte’, foi presa na terça-feira | Foto: Henry Milleo / Gazeta do Povo
Agora a salvo em casa, a paciente identifica a voz que ouviu como sendo a da ex-chefe da UTI, a médica Virgínia Soares de Souza, presa na terça-feira sob a acusação de “antecipar o óbito” de pacientes.
“Eram 8h da manhã, a médica disse que queria ver se eu aguentava até as 16h. Mas, assim que ela deu as costas, a enfermeira colocou o respirador e disse que não deixaria que fizessem isso comigo”, contou a paciente à RPC TV, em reportagem exibida ontem.
Já indiciada por homicídio qualificado — quando a vítima não tem chance de defesa — Virgínia está sob a suspeita de ter causado a morte desligando aparelhos e suspendendo a medicação de pacientes atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para abrir vaga para pacientes que pagavam pela internação.
No hospital, funcionários confirmam a suspeita. Além de afirmar à polícia que a médica manipulava equipamentos para levar pacientes à morte, o técnico em enfermagem Silvio de Almeida contou que ela fumava no hospital e arremessava tamancos em subordinados.