segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Pouso Alegre: Comissão do Ministério da Saúde vai investigar caso suspeito de pólio

Comissão do Ministério da Saúde vai investigar caso suspeito de pólio

Menino Otávio, de 1 ano e 4 meses, começou a apresentar os sintomas da doença após vacina

Uma comissão de especialistas do Ministério da Saúde vai analisar os exames do caso suspeito de pólio que pode ter sido causado por uma reação à vacina em Pouso Alegre. O ministério estuda mudanças no sistema de vacinação contra a doença. Até dezembro os técnicos vão decidir se as duas primeiras doses deixarão de ser em gotas e passarão a ser injetáveis. O objetivo é diminuir o risco de efeitos nas crianças. As demais doses seguiriam normais garantindo a cobertura de toda a população.

Ainda não há prazo para o resultado das investigações.

O caso

A mãe diz que depois de ter tomado uma das doses da vacina contra a poliomielite, o menino Otávio, de 1 ano e 4 meses, começou a apresentar os sintomas. O caso foi diagnosticado em março deste ano pelo neuropediatra da cidade, Walter Luiz Magalhães Fernandes, mas o Ministério da Saúde só recebeu o comunicado oficial das autoridades do município na última semana. O documento chegou a Brasília na última sexta-feira (26), cinco meses depois que o médico que atendeu o menino ter avisado a Secretaria Municipal de Saúde. Para o órgão, o município de Pouso Alegre descumpriu as normas para esse tipo de caso e deveria ter feito a notificação imediatamente.

Segundo a mãe da criança, Sidnéia Branco Teixeira, os sintomas apareceram dias depois da criança tomar a vacina. "Depois que ele tomou essa vacina, passou uma semana ele teve uma febre. Passaram mais 14, 15 dias e as perninhas dele paralisaram. Como eu nunca tinha visto uma coisa dessas, pensei que era uma coisa normal de criança. Mas com o passar do tempo, levei em uma pediatra e ela confirmou que realmente as perninhas não se firmavam mais como antes", disse a mãe.

Os exames da criança ainda não são conclusivos. Segundo o secretário de Vigilância do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, a possibilidade de reação à vacina contra a poliomielite é raríssima. De acordo com o órgão, nos últimos 10 anos foram confirmados 46 casos de pólio pós-vacinal no país. No mesmo período, foram aplicadas mais de 457 milhões de vacinas. Segundo o secretário, esse número está dentro da média mundial. A probabilidade é de um caso a cada 3,2 milhões de doses aplicadas. "A incidência é raríssima. É muito melhor vacinar porque sem a vacina, a chance passa a ser de um caso de paralisia flácido aguda grave para cada 250 crianças que tiverem contato com o vírus. Antes da vacinação, nós tínhamos 2 mil casos graves de paralisia e grande parte levava à morte", afirma o secretário.

De acordo com o Ministério da Saúde, os últimos casos de poliomielite nas Américas ocorreram no Brasil em 1989 e no Peru em 1991. Atualmente, ainda há circulação de poliovírus em alguns países da África e Sudeste Asiático. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2007 foram confirmados 1.315 casos da doença. Destes 1.208 (92,0%), estão concentrados em países considerados endêmicos, destacando-se: Índia, Nigéria, Paquistão e Afeganistão.

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