terça-feira, 29 de novembro de 2011

Pesquisa revela alto consumo de crack em 24% das cidades brasileiras


Segundo a pesquisa, os níveis de consumo do crack aproxima-se dos patamares alcançados por outras drogas. Elas apresentam alto consumo em 1.110 cidades - o correspondente a 25% do total pesquisado. As outras drogas estão presentes em pelo menos 4.098 cidades brasileiras - ou 92,5% das consultadas.

Ainda segundo a pesquisa, dos 4.430 municípios consultados, 63,7% enfrentam problemas na área da saúde em decorrência do consumo de crack. A fragilidade da rede de atenção básica aos usuários, a falta de leitos para a internação, o espaço físico inadequado, a carência na disponibilidade de remédios e a ausência de profissionais especializados na área da dependência química são os principais entraves apontados pelos gestores municipais.

Em 58,5% dos municípios, o crack gera crise na segurança. Os principais problemas estão relacionados ao aumento de furtos, roubos, violência, assassinatos e vandalismo. Existem ainda apontamentos em relação à falta de policiamento nas áreas que apresentam maior vulnerabilidade. Em 44,6% das cidades consultadas, o problema maior é na assistência social.

O presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, um dos grandes responsáveis pelo alastramento do crack é a falta de controle nas fronteiras do país:

- O efetivo policial é pequeno, mal remunerado e pouco treinado para enfrentar a dinâmica do tráfico de drogas.

Ele também aponta a falta de fiscalização química na venda das matérias primas para a fabricação da droga.

- A grande questão é a fiscalização da venda desses produtos, que atualmente é feita de maneira insuficiente - afirmou.

Ziulkoski cobrou da União e dos governos estaduais uma política eficaz de enfrentamento à droga.

- Não há fonte de financiamento e não há discussão - reclamou. - Falta vontade política e dinheiro.

Segundo o CNM, dos R$ 124 milhões no orçamento da União de 2010 para combater o crack, apenas R$ 5 milhões foram gastos. A entidade informou que, neste ano, a União destinou R$ 33 milhões ao enfrentamento da droga. Até agora, apenas R$ 4,7 milhões teriam sido gastos. Ziulkoski também criticou o orçamento dos estados destinado para o tema: R$ 23 milhões em 2011, sendo que R$ 10 milhões seriam só do Rio Grande do Sul.

De acordo com o estudo, apenas 548 cidades contam com um Conselho Municipal Antidrogas. Há Centros de Referência de Assistência Social (Cras) em 1.371 cidades e Centros de Referência Especializados da Assistência Social (Creas) em 417. Os dados que alimentaram a pesquisa foram enviados pelas Secretarias de Saúde dos municípios.

Ziulkoski informou que, até abril, o CNM vai divulgar a segunda etapa da pesquisa, com o número de usuários de crack no Brasil. O presidente do CNM informou que, em levantamento parcial, já foram 70 mil usuários, dos quais 18 mil estão sendo submetidos a tratamento.

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