sábado, 15 de setembro de 2012

A Contar vindo do cėu: Fogo





O fogo foi a maior conquista  da Humanidade. Desde conseguir manter acesa a chama capturada num incêndio provocado por uma tempestade eléctrica, a conseguir reproduzi-la por fricção e combustão, o fogo sempre exerceu um imprudente fascínio sobre os homens.

A palavra Lar, está associada ao fogo doméstico à volta do qual a família se reunia, e cuja preservação passava de pai para filho, durante várias gerações.

Um dos mais famosos relatos de fogo e destruição premeditada,  é o do Grande Incêndio de Roma. Segundo a mais conhecida versão histórica, foi posto a mandado de  Nero, que pretendia tornar a sua música tão imortal como a Ilíada deHomero, e aspirou  recriar o incêndio de Troia, para  que a sua musa inspiradora  dançasse por entre  as chamas e deificasse a sua obra.

Era comum em tempos medievais exorcizarem-se os “demónios” pelo fogo, pelo que as penas capitais eram assim aplicadas, e sendo acções que se entendiam purificadoras, foram incontavelmente praticadas durante os negros tempos da Inquisição… São muitas, demasiadas talvez, as atrocidades que se cometeram e ainda cometem em nome da fé.


Também pontificou nos anais da história, oGrande Incêndio de Londres, que  em 1666  começou numa padaria e destruiu mais de metade da cidade.



Escritores  maiores, como Camões escreveram sobre o fogo, mas outro tipo de fogo, aquele fogo que arde no peito, mais fácil de atear e muito mais complicado de extinguir.


O fogo da inteligência acendeu a criatividade do espírito humano  e deu-nos a capacidade de produzir facas de pederneira, rodas, fogões, máquinas a vapor,  energia eléctrica, telefones sem fios… um sem número de pequenas e grandes coisas que são tão banalizadas nos dias de hoje. A  criação que nos eleva á condição de seres superiores, é a mesma criação que nos faz enveredar tantas e tantas vezes nos trilhos da destruição.

A guerra faz parte da condição humana há milénios, como nos relatou Jean-Jacques Annaud, e vem evoluindo assustadoramente nos últimos séculos –  a célebre e famigerada “I become death” de Oppenheimer  deveria ser uma incontornável chamada de atenção.



O nosso País, á semelhança de tantos outros verões, está a arder; pode ser descuido, pode ser fatalidade, pode ser qualquer coisa que lhe queiram chamar. Para mim é sempre crime. Voluntário, involuntário, por omissão, é criminoso para a fauna, a flora, o País ,a humanidade e principalmente o planeta. PobreGaia, que tem surpreendentemente  sobrevivido  a tantas e tantas investidas assassinas.

O Homem é o único ser vivo que mata sem razão. Mata porque quer e não   para satisfazer qualquer necessidade fisiológica. Temos que parar para pensar. É da criação duma consciência colectiva que depende a sobrevivência das gerações vindouras.


Aproveito para deixar uma palavra de apoio e solidariedade para todos os homens e mulheres que combatem incansavelmente a progressão assassina do fogo, por vezes pagando o derradeiro preço. Obrigada e bem hajam !!!


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