segunda-feira, 21 de março de 2016

Casal se abraça e provoca polêmica na Cisjordânia

Dois jovens palestinos trocam um abraço singelo no campus universitário onde estudam, na Cisjordânia. O que eles não podem imaginar é que a singela troca de carinho fosse levá-los perante um conselho disciplinar.
 
O casal de estudantes, que preferiu não divulgar sua identidade, é acusado de "transgredir a moral e as tradições" da universidade, situada em uma região de tradição fortemente conservadora na Cisjordânia ocupada.
Na manhã de quinta-feira os jovens tinham comparecido perante um juiz para assinar sua certidão de casamento, tornando-se, portanto, marido e mulher perante a lei.
Em seguida, dirigiram-se à universidade e, diante de amigos e colegas, o marido pôs a aliança no dedo da esposa e a tomou nos braços.
O problema é que para a sociedade palestina, a certidão não passa de uma formalidade para oficializar a união conjugal. O único que conta realmente para considerar o casamento legal é a cerimônia.
"Fiz tudo o que tinha que fazer diante das nossas duas famílias e segundo o que requer o costume antes de ir para a universidade", explicou o marido à AFP.
"Queríamos comemorar este momento com nossos colegas (...) e a abracei, sem atentar, em momento nenhum, contra a moral", prosseguiu o jovem. No entanto, "logo depois, soube que tinha sido convocado perante o conselho de disciplina" da universidade.
A história do casal, fotografado ao trocar publicamente um carinho sem que haja registro de ter chocado os presentes, deu lugar a um debate pouco frequente a esse respeito na Cisjordânia, e as redes sociais foram inundadas de milhares de comentários indignados com a decisão das autoridades do campus.
Um internauta denunciou como "a sociedade nos ensina a nos envergonhar do amor e escondê-lo", enquanto outro acusava a administração universitária de hipocrisia: "isto ocorreu à vista de todo mundo; combatam, ao contrário, o que acontece em segredo".
O conselho disciplinar ainda deve decidir quais medidas tomar. Fontes da universidade garantem que está sendo buscada uma solução que não penalize a escolaridade dos dois estudantes.

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