sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Nazistas planejaram usar mosquitos como armas biológicas

Segundo uma nova pesquisa, um centro para estudos sobre insetos, criado por oficiais nazistas, tentava descobrir como usar mosquitos anófeles contra populações de países inimigos.

Heinrich Himmler, o líder da SS, a temida polícia secreta de Hitler. Em 1942, ele criou o Instituto Entomológico Waffen-SS (Foto: AP Photo/str)
Hitler queria estudar mosquitos. Em 1942, a administração nazista criou o Instituto Entomológico Waffen-SS, um anexo do campo de concentração de Dachau,na Alemanha. Sua principal função era estudar insetos.

A abertura do centro não parecia fazer sentido no contexto da Segunda Guerra Mundial. A Alemanha, àquela altura, contava com importantes centros ontomológicos,bem equipados, e as instalações de Waffen não estudavam pragas que pusessem em risco a produção de alimentos no país. Não era muito útil.

Os motivos de sua criação intrigavam o DR. Klaus Reinhardt, pesquisador da Universidade de Tübingen, na Alemanha. Tentando encontrar uma resposta, Reinhardt debruçou-se sobre arquivos e estudos pós-guerra, na tentativa de compreender o mistério. Chegou à conclusão de que, embora o Instituto tivesse a missão oficial de combater doenças transmitidas por insetos, como tifo, também tentava determinar se mosquitos, vetores de doenças como malária, poderiam ser usados como arma de guerra. Os resultados de sua pesquisa foram publicados na edição de dezembro da revista científica Endeavour.

Até onde se sabe, os nazistas não chegaram a usar armas biológicas durante a Segunda Guerra. Hitler as baniu, uma vez que, desde 1925, a Alemanha era signatária do Protocolo de Genebra, que proíbe a utilização de armas químicas e biológicas. Os governos dos países Aliados, seus adversários, adotavam a mesma política. Mesmo assim, há anos persistem dúvidas quanto às intenções do regime, com diversos estudiosos afirmando que pesquisas eram conduzidas na elaboração de armas biológicas.

Heinrich Himmler, o líder da SS, a polícia secreta de Hitler,  comissionou a abertura do Instituto Waffen pouco depois de soldados relatarem uma infestação de piolhos entre as tropas do país, e após uma epidemia de tifo eclodir no campo de concentração de Neuengamme. A partir de 1944, o centro passou a desenvolver pesquisas que, envolvendo diferentes tipos de mosquitos, tentavam determinar sua resistência a períodos sem comida e água. A intenção era descobrir quanto tempo os insetos poderiam permanecer confinados até poder ser liberados sobre território inimigo.

Notas deixadas pelo diretor do Instituto, Eduard May, relatam testes feitos com o mosquito anófeles, transmissor da malária. O Insituto Waffen-SS era vizinho do campo de concentração Dachau. Ali, o professor Claus Schilling inoculava prisioneiros com malária. Reinhardt não encontrou evidências de que May e Schilling tenham trabalhado em conjunto. Perante um tribunal em Nuremberg, um oficial da SS de nome Wolfram Sievers afirmou que May se recusava a realizar testes em humanos. Mas era fiel ao regime. Documentos da época permitem dizer que, dentre os candidatos a diretor do Instituto, May era um dos menos qualificados. Foi escolhido pelo seu alinhamento aos ideais nazistas.

No fim, o Instituto mostrou-se de pouco valor. Segundo Reinhardt, sua criação foi resultado de uma “bizarra mistura do limitado conhecimento científico de Schilling, paranoia, uma visão esotérica do mundo, e sua preocupação genuína com o bem-estar das tropas da SS”. Segundo o pesquisador, em comparação à pesquisas realizadas em campo Aliado, os esforços nazistas eram risíveis.

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