quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Morre miss de 23 anos baleada em protesto na Venezuela

Génesis pedia mais segurança no país 
Génesis Carmona, Miss Turismo do estado de Carabobo de 2013, morreu na tarde desta quarta-feira (19) após ter sido baleada na cabeça durante um protesto contra o presidente Nicolás Maduro, na cidade de Valencia, no norte da Venezuela. 

A estudante de 23 anos foi atingida na noite de terça-feira (18) e estava em estado crítico na UTI da clínica Guerra Méndez. Esta é a quinta morte durante manifestações no país. 

Os médicos já haviam afirmado que a bala não poderia ser retirada por ser de alto calibre. Génesis participava de uma manifestação massiva em apoio ao opositor Leopoldo López. 

A morte da miss foi confirmada por meio de uma mensagem publicada em sua página no Facebook. 

Génesis estudava na Universidade Tecnológica e havia saído para protestar pedindo mais segurança nos campus e no país em geral. Ela era aluna do curso de Ciências Sociais e trabalhava como modelo. 

"A única coisa que ela fez foi exigir seu direito constitucional de querer um país melhor. Agora, luta pela vida", afirmou a assessoria da miss ao jornal O Globo. 

Testemunhas relataram que a miss foi atingida quando um grupo de motoqueiros armados começou a atirar. Como não havia ambulâncias por perto, Génesis foi levada para clínica por um homem em uma motocicleta. Além dela, outros oito jovens ficaram feridos.

Jovem foi levada para hospital por um homem em uma motocicleta
Na noite da última segunda-feira, um adolescente de 17 anos morreu após ser atropelado durante um protesto contra o presidente, na cidade de Carúpano. Segundo moradores da região, o estudante de Engenharia Naval José Ernesto Méndez foi atingido por uma camionete dirigida por um funcionário da petroleira estatal PDVSA, que passou pelo grupo de manifestantes na avenida mais importante da cidade.  

O estudante sofreu fraturas no crânio, chegou a passar por uma cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos. Uma outra jovem, que não foi identificada, teve as pernas quebradas no atropelamento. 

Outras três pessoas morreram em protestos, todas na região de Caracas e vítimas de tiros - os estudantes Bassil Alejandro da Costa, 24, e Roberto Redman, 33, e o militante chavista Juan Montoya, 40.

Protestos e prisão de opositor
Desde a semana passada, centenas de estudantes conduzem protestos pacíficos durante o dia, mas que terminam em conflitos com a polícia pela noite. Os manifestantes contrários ao governo protestam contra a alta da violência e da inflação, além da falta de bens básicos. 

Dirigente do Partido Vontade Popular, López foi detido nesta terça-feira (18), sob a acusação de terrorismo, incitação à violência e mais sete crimes contra o governo de Nicolás Maduro, que o considera o mentor intelectual dos atos violentos no país. Ele foi levado para um presídio fora de Caracas, segundo o governo, para a segurança dele. 

Em uma das últimas declarações no Twitter, o líder oposicionista agradeceu ao povo venezuelano. “Desconecto-me, obrigado Venezuela. A mudança está em cada um de nós. Não nos rendamos. E eu não farei isso”. 

No decorrer da terça-feira, manifestações pró e contra o governo reuniram milhares de pessoas no país. Momentos antes de se entregar, López disse a seus seguidores que seria julgado por uma Justiça injusta e corrupta, num país onde não há separação de poderes. Ele discursou em cima de uma estátua do herói da independência cubana José Marti, na Praça Brión, em Caracas. 

Maduro acusa López de liderar um “golpe fascista” estimulado pelos Estados Unidos para derrubar seu governo. Na segunda-feira, Maduro estabeleceu um prazo de 48 horas para três funcionários da Embaixada dos EUA em Caracas deixarem o país, sob a alegação de que apoiam planos da oposição para minar seu governo.

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