domingo, 2 de fevereiro de 2014

Manifestação a favor da família tradicional reúne milhares na França

Javier Albisu
Paris, 2 fev (EFE).- Dezenas de milhares de franceses realizaram neste domingo nas ruas de Paris e Lyon manifestações para defender o modelo de família tradicional, em um protesto herdeiro do movimento que no ano passado se opôs em grandes marchas à legalização do casamento homossexual na França.
Segundo os organizadores, 500 mil pessoas se concentraram nas ruas de Paris, enquanto em Lyon este número foi de 40 mil. Para a polícia, as manifestações reuniram, respectivamente, 80 mil e 20 mil pessoas.
Também foram convocados protestos em Madri, Bruxelas, Roma, Luxemburgo, Bucareste e Varsóvia contra o que os manifestantes chamam "familiofobia".
Há quase nove meses as uniões entre pessoas do mesmo sexo foram legalizadas na França. Os opositores protestaram hoje contra o ensino de uma disciplina experimental sobre as desigualdades de gênero que está sendo aplicada em 600 colégios do país.
O coletivo que organizou as passeatas é o "Manif pour tous" ("Manifestação para todos"), uma oposição ao movimento "Bodas para todos", que defendeu a legalização do casamento gay.
Entre bandeiras azuis e rosas e com slogans como "Família: educação, solidariedade, dignidade" e "Pela família e a criança, não nos daremos por vencidos", o protesto transcorreu sem incidentes pelo centro da capital, desde a École Militaire até Montparnasse.
Os organizadores tentaram se distanciar do protesto chamado "dia da cólera", realizado no domingo passado em Paris contra o governo DO presidente da França, François Hollande, e que terminou com cerca 220 detidos e 20 policiais feridos.
O ministro do Interior, Manuel Valls, anunciou que não toleraria "nenhum excesso" no protesto e que as forças de ordem estariam atentas a uma possível incursão de "facções" de extrema direita, protagonistas no ano passado de atos violentos ao término das grandes manifestações contra o casamento homossexual.
As fortes medidas de segurança, com um efetivo de entre dois mil e três policiais, eram notadas desde o início da passeata: 12 militantes do movimento estudantil de extrema-direita Grupo União Defesa (GUD) foram detidos quando se dirigiam à manifestação.
Muitas famílias inteiras participaram do protesto, que contou também com a presença de Christine Boutin, a fundadora do Partido Cristão Democrata e ex-ministra de Nicolas Sarkozy.
A política conservadora, que concorre às eleições ao Parlamento Europeu de maio, disse que participou do protesto por ser "contra a desestruturação da sociedade" mas também porque está "farta do governo, do desemprego e das mentiras" do Executivo.
Por decisão individual, também participaram deputados do maior partido da oposição, a UMP, que apoiou a onda de contestação contra o casamento homossexual mas tomou distância, como legenda, do protesto de hoje. Entre os parlamentares se destacou Herni Guiano, antigo redator dos discursos de Sarkozy.
Além disso, participou do evento em Paris Marion Maréchal-Le Pen, a deputada mais jovem da Assembleia Nacional e neta do fundador do ultradireitista Frente Nacional (FN), partido que não esteve presente na marcha em função de divisões internas.
Por sua parte, o Partido Socialista (PS) denunciou por meio de um comunicado assinado por seu secretário geral, Harlem Désir, as "manipulações e mentiras sobre as quais uma facção reacionária tenta cimentar a oposição à política do governo". 

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