Se você acha que a imagem acima é fruto de computação gráfica, está muito enganado.
Colado às costas desta abelha australiana está um chip RFID que pode acompanhar
para onde ela vai, o que e quando come. Mas, calma! Em tempos de espionagem
transatlântica, esse inseto não vai te monitorar – ao invés disso, ele pode
salvar o planeta.
Uma das mais importantes questões ambientais da atualidade é a segurança
alimentar. As abelhas estão bem no centro dessas preocupações. Sua população
está diminuindo, e isto poderia significar fome para os humanos. Os insetos fertilizam
muitas das nossas culturas de alimentos básicos, e sem sua ajuda nossas fazendas
serão significativamente menos produtivas.Porém, mesmo com uma situação tão
grave acontecendo, ainda se entende muito pouco sobre o que está causando uma
desordem nas colônias de abelhas. Assim, cientistas na Austrália, comandados pelo
brasileiro Paulo de Souza, líder científico da empresa CSIRO, decidiram monitorar
abelhas selvagens para descobrir com quais substâncias elas estão entrando em
contato e o que elas estão fazendo. Alguns cientistas acreditam que inseticidas estão
causando problemas. Estes chips permitiriam aos pesquisadores ver se os insetos
estão entrando em contato com tais substâncias ou se algo mais em seus ambientes
está causando os problemas.
Mais de 5 mil abelhas em Hobart, na Austrália, foram equipadas com os sensores
de RFID, que transmitem dados a gravadores colocados em torno de colmeias e fontes
alimentares conhecidas que, por sua vez, enviam as informações para um local central.
Isso permitirá aos pesquisadores construir um modelo de quatro dimensões do
comportamento e dos movimentos das abelhas.
As abelhas são insetos sociais que retornam ao mesmo ponto e operam em um horário
muito previsível. Qualquer mudança em seu comportamento indica uma mudança em seu
ambiente. Ao modelar os seus movimentos, os cientistas esperam reconhecer
rapidamente quando a sua atividade apresentar alguma variação e identificar a causa.
Os sensores são capazes de gerar energia a partir do bater de asas dos insetos, o que
dá a eles potência suficiente para transmitir informações em vez de apenas armazená-las
até que atinjam um registrador de dados.
Este é um daqueles momentos fascinantes quando você percebe que há, na verdade,
um bom uso para a vigilância onipresente. Ela pode nos ajudar a identificar os
problemas no meio ambiente, e, com alguma esperança, corrigi-los antes que eles
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