sábado, 18 de janeiro de 2014

Ataque do Taliban mata autoridades do FMI e da ONU no Afeganistão

Por Jessica Donati e Mirwais Harooni
CABUL, 18 Jan (Reuters) - Um homem-bomba e atiradores do Taliban atacaram um restaurante frequentado por estrangeiros na capital do Afeganistão na noite de sexta-feira, matando até 21 pessoas, incluindo quatro funcionários da Organização das Nações Unidas e o alto representante do Fundo Monetário Internacional no Afeganistão.
Homens armados invadiram o restaurante e dispararam contra os comensais após o homem-bomba se explodir perto da entrada por volta das 19h30 de sexta-feira.
Treze estrangeiros estão entre os mortos, segundo a polícia. Neste sábado, a embaixada dos EUA disse em um post no Twitter que pelo menos dois cidadãos norte-americanos foram mortos, enquanto a Grã-Bretanha e Canadá também confirmou a morte de dois cidadãos cada.
Rajadas esporádicas de tiros continuaram por cerca de uma hora depois da explosão inicial, e os dois homens armados dentro do restaurante libanês foram mortos a tiros por policiais, disse uma autoridade afegã.
A maioria das forças estrangeiras estão se preparando para deixar o Afeganistão neste ano, após mais de uma década de guerra. Há temores de que o Taliban vai intensificar ataques até a eleição em abril, quando o país escolherá o sucessor do presidente Hamid Karzai.
O Taliban reivindicou a responsabilidade pelo ataque e o classificou de vingança por um ataque aéreo dos EUA no início desta semana. O ação norte-americana também foi condenada por Karzai por ter resultado na morte de oito civis.
Tiros podiam ser ouvidos em toda zona diplomática da capital por alguns minutos após a primeira explosão.
Vários funcionários da cozinha do restaurante sobreviveram fugindo para o telhado, onde eles se esconderam até que foram resgatados pela polícia.
"Quando eu estava na cozinha, ouvi uma explosão do lado de fora. Então todos os homens fugiram e eu fui para o telhado. Fiquei de costas para a chaminé por duas ou três horas", disse Suleiman, um cozinheiro no restaurante libanês.
À meia-noite, uma operação ainda estava em andamento, com policiais nervosamente piscando lasers na passagem de carros e pessoas nas ruas escuras e empoeiradas.
O restaurante funcionava no local há vários anos. Era um dos locais prediletos dos estrangeiros, incluindo diplomatas, empreiteiros, jornalistas e trabalhadores humanitários. Guardas armados ficavam geralmente de plantão na entrada da frente.
"O alvo do ataque era um restaurante frequentado por estrangeiros de alta patente... onde os invasores jantavam e tomavam muitas bebidas", disse o porta-voz do Taliban Zabihullah Mujahid em um comunicado enviado por email, escrito em inglês.
CRÍTICA AOS EUA
Karzai divulgou um comunicado no sábado condenando o ataque e aproveitou para criticar os Estados Unidos por não ter feito o suficiente para combater o "terrorismo".
"Se as forças da Otan lideradas pelos Estados Unidos da América querem estar unidos e se parceiros do povo afegão, eles têm que atingir o terrorismo", disse o presidente em comunicado. Karzai é crítico à postura do governo norte-americano que ele considera que não contribui para fazer com que o Taliban inicie negociações de paz.
O representante do Fundo Monetário Internacional no Afeganistão, o libanês Wabel Abdallah, de 60 anos, foi um dos mortos. Ele estava em Cabul desde 2008.
"Esta é uma notícia trágica. E, nós no Fundo, estamos todos devastados", afirmou a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, em um comunicado. "Nossos corações estão com a família e amigos de Wabel, assim como as outras vítimas deste ataque".
A ONU disse que quatro membros da equipe haviam sido mortos, mas não divulgou suas nacionalidades.
"Você pode imaginar o efeito que teve sobre os membros do pessoal aqui", afirmou o porta-voz da ONU Ari Gaitanis à Reuters.
A Missão de Polícia da União Europeia no Afeganistão também perdeu um dinamarquês e um membro britânico do pessoal. Uma porta-voz da chancelaria britânica disse que dois britânicos foram mortos no ataque.
O ministro de Negócios Estrangeiros do Canadá, John Baird, disse dois canadenses morreram, mas não ficou claro em que organização trabalhavam.
O porta-voz do Departamento de Estado norte-americano Jen Psaki disse que nenhum dos mortos são funcionários da embaixada dos EUA no país.
Os outros estrangeiros feridos foram levados para uma base militar em Cabul.

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