sábado, 30 de julho de 2011

Jornal Cruzeiro do Sul/matadornews

Sorocaba registra quatro óbitos por meningite

Evitar aglomeração de pessoas em ambientes fechados ajuda a prevenir a doença

Daniela Jacinto
daniela.jacinto@jcruzeiro.com.br

Do início do ano até quarta-feira passada, dia 27, Sorocaba registrou quatro óbitos por meningite e mais 55 casos confirmados da doença. Os dois primeiros casos, uma criança menor de 1 ano e outra com 4 anos, foram vítimas de meningite meningocócica. O terceiro caso foi de meningite pneumocócica em uma pessoa de 40 anos e o quarto caso, de meningite não especificada, atingiu uma pessoa de 48 anos. Conforme a Vigilância Epidemiológica, os números não são alarmantes e estão dentro da normalidade. No ano passado, por exemplo, foram registrados oito óbitos e 123 casos.

A Secretaria Municipal da Saúde orienta evitar locais que não promovam a renovação natural do ar (locais fechados ou com ar condicionado), evitar aglomeração de pessoas em ambientes fechados, manter hábitos saudáveis de higienização corporal e ambiental e procurar assistência médica ao apresentar sintomas compatíveis com a meningite, tais como: rigidez de nuca (pescoço duro), febre alta, dor de cabeça intensa, vômitos em jato, manchas vermelhas na pele e ainda, em crianças menores de um ano, outros sinais como abaulamento da moleira, irritabilidade, inquietação com choro agudo e persistente e recusa alimentar.

Apesar da meningite ser uma doença que pode ocorrer em qualquer época do ano, existe uma tendência de aumento durante os meses de inverno, especialmente da meningite bacteriana. Isso ocorre devido à forma de transmissão (por vias respiratórias) dos agentes etiológicos que podem causar inflamação das meninges, ao clima (que favorece o aumento das doenças das vias áreas) e aos hábitos das pessoas (especialmente devido aos locais com aglomeração de pessoas e o confinamento casas, ônibus, salas de aula, entre outros locais).

Entenda melhor a doença

A inflamação das meninges, membranas que recobrem o cérebro, que é o que caracteriza a meningite, pode ser causada por vários tipos de agentes, como vírus, bactérias, fungos, entre outros. A meningite viral, também chamada de meningite asséptica, é considerada a forma menos grave da doença, pois em geral sua evolução é benigna e limitada, não ocasiona sequelas e não necessita de medicações específicas, apenas medidas de suporte para alívio dos sintomas (como medicações para cortar vômitos e alívio da dor de cabeça). Em muitos casos não há necessidade de internação hospitalar. Nestes casos não há medidas de isolamento ou bloqueio indicado às pessoas que tiveram contato com o paciente. Um grupo de vírus chamados enterovírus constitui a causa mais comum de meningite viral, que pode ser transmitida pela saliva ou pelas fezes.

Já a meningite bacteriana pode ter evolução mais grave. Em alguns casos (dependendo do tipo de bactéria) há a indicação de bloqueio, com uso de medicamentos específicos pelas pessoas que tiveram contato íntimo com o paciente. O objetivo é interromper o ciclo de transmissão, pois há pessoas que podem ser portadoras da bactéria na orofaringe (garganta) sem desenvolver a doença, mas podem transmitir para outros.
No caso da meningite bacteriana, a transmissão ocorre de pessoa para pessoa, por via respiratória, por meio de gotículas e secreções do nariz e garganta, havendo necessidade de contato prolongado e convivência no mesmo ambiente (residentes da mesma casa, colega de dormitório, creche, alojamento). Isso significa que a transmissão pode ocorrer por meio do beijo, do compartilhamento de alimentos, de bebidas ou de cigarros, assim como por contato próximo a pessoas infectadas que estejam tossindo ou espirrando.

As principais causadoras da meningite bacteriana são três espécies de bactérias: a Neisseria meningitidis (pode afetar pessoas de todas as idades, mas ocorre com maior frequência entre as crianças menores de 5 anos; cerca de 5% a 15% das pessoas têm estas bactérias na garganta ou nariz, porém não ficam doentes; os principais sorogrupos são A, B e C, sendo o sorogrupo C o mais frequente; a meningite causada por estas bactérias é chamada "meningocócica", considerada a mais grave pela rápida evolução e pela possibilidade de causar surtos ou epidemias); o Haemophilus influenzae (o tipo B é o mais comum; a vacina chamada "Hib", contra o tipo B, evita esta doença em bebês muito novos e crianças); e o Streptococcus pneumoniae (a maioria das pessoas que tem estas bactérias na garganta continua saudável; indivíduos com problemas crônicos de saúde ou com o sistema imune enfraquecido, assim como os muito jovens ou muito velhos, têm risco aumentado de apresentar meningite pneumocócica; ela não é transmitida de pessoa para pessoa).

A Vigilância Epidemiológica de Sorocaba acompanha e monitora os casos de meningite na cidade e desenvolve as ações recomendadas de controle. Além do bloqueio medicamentoso, para os casos com esse tipo de indicação, a equipe técnica também tem um trabalho de orientação para famílias e escolas com ocorrência de casos. A equipe esclarece dúvidas e orienta sobre cuidados preventivos, como evitar confinamento, adotar cuidados de higiene pessoal e ambiental.

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