sábado, 30 de julho de 2011

Diário do Vale/matadornews

Aumenta o consumo de álcool entre mulheres e adolescentes em Volta Redonda

Talita Ribeiro
Especialistas advertem para os perigos do consumo excessivo de álcool
Prevenção: Especialistas advertem para os perigos do consumo excessivo de álcool

Volta Redonda

Talita Ribeiro

O alcoolismo é um problema social. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), a porcentagem de mortes por álcool é maior do que os óbitos causados por Aids, violência e tuberculose. Em Volta Redonda, o atendimento a pessoas com dependência pelo álcool e outras drogas começou em 2002, sendo oficializado em 2007 pelo CAPS-AD (Centro de Atenção Psicossocial no Trabalho de Usuário de Álcool e outras Drogas) e já atendeu (segundo o órgão) a 3.532 pessoas.

O perfil de quem procura ajuda para deixar o vício está se modificando. Segundo o coordenador do CAPS-AD, Luciano Simões Canavez, atualmente 450 pessoas estão em tratamento e, destas, 20% são mulheres. A maior parte dos assistidos são usuários de álcool e, em segundo lugar, pessoas que utilizam ao mesmo tempo bebida alcoólica e o crack.

Apesar da procura por ajuda ser menor entre elas, o coordenador afirmou que o consumo excessivo de álcool entre as mulheres tem crescido. A percepção deste quadro não é exclusividade de Volta Redonda: uma pesquisa da Vigitel Brasil 2010 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), publicada pelo Ministério da Saúde, afirma que o consumo de álcool exagerado entre as mulheres aumentou de 8,2% para 10,6% no período de 2006 a 2010.

De acordo com o Ministério da Saúde, é considerada abusiva a ingestão de cinco ou mais doses de bebida alcoólica em uma mesma ocasião em um mês (no caso dos homens) ou quatro ou mais doses (no caso das mulheres).

Para Canavez, quando o ato de beber significar problema é o momento de verificar se o consumo saiu do controle.

- Se for constatado que a pessoa passa a enfrentar problemas nos diferentes espaços sociais que ela convive pelo uso do álcool, quando a bebida traz algum transtorno na vida de uma pessoa ou das que a cercam, é sinal de que há um problema que precisa ser tratado - disse.

O coordenador do CAPS-AD explicou que vários fatores podem tornar uma pessoa mais suscetível ao vício. Dentre eles estariam o emocional e as estruturas familiar, econômica e social. Porém, segundo ele, é possível afirmar que as pessoas que apresentam maior resistência aos efeitos do álcool podem vir a se tornar alcoólatras com maior facilidade, isso porque o organismo que é mais tolerante tende se adaptar para continuar funcionando mesmo com o excesso.

- Se tiver, por exemplo, três amigos que consomem a mesma quantidade de bebida, um deles passa mal, o outro adormece e o terceiro fica bem. Este que não apresentou qualquer problema pela quantidade consumida tem um metabolismo mais tolerante. Este é o risco, pois a pessoa tende a creditar que pode beber mais sem passar mal, e com isso o organismo trabalha para receber continuamente uma quantidade maior da substância - esclareceu.

Os perigos do ‘gole a mais'

A coordenadora do Programa de Saúde Mental de Volta Redonda, Lilian Carvalho Varela, lembrou da cultura de consumir a bebida alcoólica em momentos de lazer e comemorações. Outra questão seria que a sociedade tem maior aceitação com o homem que passa pelo problema do consumo excessivo de álcool do que com a mulher.

- As mulheres têm maior dificuldade de acessar os serviços de tratamento. Muitas, por serem mães, são encaminhadas pelo Conselho Tutelar para se tratar. Temos um grupo de ajuda destinado apenas a pessoas do sexo feminino - disse.

A psicóloga Viviane Andrade Pereira destacou o fato de o organismo feminino ser mais sensível acaba por tornar as mulheres mais vulneráveis aos efeitos do álcool.

Para a profissional, a mudança comportamental que significou a inserção da mulher no mercado de trabalho modificou também a atuação dela no espaço social. Se antes bares e restaurantes eram quase que exclusivamente frequentados apenas por homens, com o passar dos anos elas também passaram dividir estes espaços de convívio social.

- Acredito que chame mais a atenção quando uma mulher está consumindo bebida alcoólica porque o corpo feminino é mais frágil e, por isso, os efeitos são mais fortes e percebidos mais rápidos - explicou.

Os efeitos do consumo excessivo de bebidas alcoólicas trazem danos ao físico e ao convívio social dos usuários.

Viviane Pereira lembrou que esta prática compromete a postura das pessoas, que podem ter atitudes de violência, negligência infantil, ausências no trabalho e cometer abusos.

- A permissividade é uma característica de quem acaba por ficar sob o efeito do álcool. Isso prejudica a atenção com os filhos, o cuidado com a casa e o trabalho. Outros adquirem uma postura de agressividade - disse.

O CAPS-AD (Centro de Atenção Psicossocial no Trabalho de Usuário de Álcool e outras Drogas) possui uma linha direta de ajuda. O telefone é o 0800-0241299.

Confira a matéria na íntegra na edição impressa do DIÁRIO DO VALE deste domingo (31)




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