Assassinato de general líbio representa golpe político e militar para rebeldes
As misteriosas circunstâncias do assassinato, nesta quinta-feira, do general líbio Abdel Fatah Younes, que se uniu aos rebeldes depois de ser um pilar do regime do coronel Muamar Kadhafi, constituem um duro golpe, tanto político quanto militar, para os rebeldes.
O porta-voz do regime líbio, Musa Ibrahim, acusou nesta sexta-feira a Al-Qaeda de estar por trás do assassinato do comandante militar da rebelião. "Com esse ato, a Al-Qaeda quer afirmar sua presença e sua influência nesta região" do leste do país, controlada pela insurgência anti-Kadhafi, declarou Ibrahim em coletiva de imprensa.
Segundo ele, "os demais membros do Conselho Nacional de Transição (CNT, oposição) estão cientes, mas não podem reagir porque estão aterrorizados pela Al-Qaeda".
Ibrahim completou que o assassinato do general Yunes é uma nova proca de que o CNT não tem "nenhum poder em Benghazi". "É a Al-Qaeda que tem o poder no leste" do país, completou.
Mustafá Abdeljalil, chefe do CNT, anunciou na quinta-feira que Abdel Fatah Yunes tinha sido assassinado por um grupo de homens armados quando se dirigia para Benghazi após ser convocado por uma comissão de investigação para falar da situação militar.
Os rebeldes responsabilizaram as forças leais ao regime de Muamar Kadhafi pela morte do general. "A intervenção de Kadhafi é muito clara nesse assunto", declarou em Benghazi na sexta-feira um alto responsável rebelde que pediu para não ser identificado.
A morte de Yunes desperta o temor de divisões entre os rebeldes em um momento em que progridem, tanto no front diplomático, com o reconhecimento pleno de França e Grã-Bretanha, como no militar, com os avanços sobre Brega (leste) e nas montanhas do sudoeste da capital.
Os Estados Unidos pediram que os rebeldes se mantivessem unidos e concentrados em seu objetivo de derrubar o coronel Muamar Kadhafi. "Nesse tipo de situação dinâmica, é importante manter os olhos no alvo, que é a transição democrática para o povo líbio", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Mark Toner.
Também provocou uma série de rumores, segundo os quais os rebeldes detiveram e mataram o general, suspeito de traição.
"Peço a vocês que não prestem atenção nos rumores que as forças de Kadhafi tentam propagar em nossas filas", respondeu Abdeljalil na quinta-feira à noite à imprensa.
Ninguém dispõe de todas as respostas, mas "virão com o tempo", assegurou o alto responsável rebelde questionado na sexta-feira pela AFP, minimizando os riscos de divergências internas ou um ajuste de contas por parte dos soldados que seguiram Yunes ou membros de sua tribo.
Dois responsáveis da tribo Al-Obeidi, à qual pertencia o general Yunes, estavam presentes na quinta-feira à noite na coletiva de imprensa de Abdeljalil. Mas após o anúncio de sua morte, uma dezena de homens armados chegou ao local disparando para o ar. Os jornalistas foram retirados e uma testemunha relatou que os homens armados foram acalmados e partiram do local.
Na quinta-feira à noite, Abdeljalil também convocou grupos armados que atuam como milícias em diversas localidades controladas pelos rebeldes a se unir às forças do CNT.
Abdel Fatah Yunes era, antes de se unir aos rebeldes, o número dois do regime do coronel Kadhafi. Ocupava, entre outros cargos, a função de ministro do Interior. Em 1969, participou do golpe de Estado que levou Kadhafi ao poder.
Uniu-se aos rebeldes pouco depois do início do movimento de protesto em 15 de fevereiro, assim como Mustafah Abdeljalil, então ministro da Justiça.
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