Mais de 1,5 mil famílias já foram afetadas em Rio Branco (AC) e Porto Velho (RO), por causa da cheia dos rios Acre e Madeira, que desde a segunda-feira (17) apresenta os maiores níveis registrados em séria histórica de 100 anos. Nos dois Estados, mais de 500 pessoas já foram retiradas de suas casas e conduzidas para abrigos improvisados pela Defesa Civil.
De acordo com dados da Agência Nacional de Águas, o Madeira, em Porto Velho, estava com 17,8 metros de profundidade às 11 horas desta quarta. Em Rio Branco, acima da cota de transbordamento, o Rio Acre estava com 14,97 metros de profundidade, de acordo com medição da Defesa Civil ao meio dia.
A coordenadora de Operações do Centro Regional do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) de Porto Velho, Ana Strava, disse ao Blog da Amazônia que a expectativa é no sentido de a cota do Madeira oscilar entre 17,80m e 18m num “cenário pessimista”.
- Estamos no quinto dia sem chuva na Bacia do Madeira. Isso quer dizer que a chuva que caiu no dia 14 de fevereiro está escoando e depois disso poderemos ter o decréscimo do rio. Mas isso não é definitivo porque em março costuma chover na bacia – assinalou Ana Strava.
Em Rondônia, os municípios de Guajará Mirim e Nova Mamoré estão isolados por conta da interdição da BR-425. O fato mais grave envolve o abastecimento de combustíveis, alimentos e medicamentos.
No distrito de Jacy-Paraná, a lâmina de água continua sobre o asfalto da BR-364, que liga Rondônia ao Acre. Moradores da região chegaram realizar um protesto e bloquearam um trecho da rodovia por mais de 20 horas, mas a situação foi contornada na quarta com a intervenção da Polícia Rodoviária Federal.
No entendimento dos moradores de Jacy-Paraná, o alagamento da região é consequência da construção das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, cuja assessoria afirma que o empreendimento não tem ligação com o alagamento da região.
O Parque de Exposições, em Rio Branco, abriga atualmente 94 famílias. O governo estadual tem descartado a possibilidade de desabastecimento de combustíveis e alimentos em caso de fechamento da BR-364.
No distrito de Abunã (RO), a 280 quilômetros de Rio Branco, passagem obrigatória de quase tudo que entra ou sai do Acre via BR-364, não existe ponte. A travessia é feita com muita precariedade em balsas.
A Defesa Civil do Acre considera a situação delicada por causa do risco iminente de interdição da rodovia. As balsas operam com autonomia de até mais um metro de elevação das águas. Se esse limite for ultrapassado, o serviço de travessia será suspenso e o Acre passaria a enfrentar sérios problemas de abastecimento.
O risco de isolamento do Acre não é apenas por conta da balsa. Funcionários da balsa disseram que o rio pode subir mais que a travessia não seria interrompida. O problema mais grave é a rodovia alagada. Acima dos 40 cm atuais da lâmina de água, os caminhoneiros temem enfrentar a correnteza, principalmente com caminhões vazios.
De acordo com previsões climáticas do Sipam, o trimestre janeiro, fevereiro e março apresenta chuvas acima da média no Acre, norte de Rondônia e noroeste e norte de Mato Grosso, impactando diretamente as bacias do rios Madeira e Acre.
- As cheias são consequência direta do escoamento das chuvas que também se apresentaram acima da média histórica na bacia do Rio Madre de Dios (Peru) e Mamoré (Bolívia) - esclarece Ana Strava.
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