A Câmara dos Representantes aprovou nesta segunda-feira o projeto de lei que eleva o teto da dívida e evita um desastroso default dos Estados Unidos.
Deputados aprovaram a medida, que corta trilhões de dólares no orçamento do governo, por 269 votos contra 161, e agora a espectativa é que o Senado faça o mesmo antes do prazo de meia-noite de terça para quarta-feira (01h00 de Brasília).
O projeto prevê aumentar o teto da dívida, atualmente em 14,3 trilhões de dólares, e cortes de gastos de 2,1 trilhões de dólares nos próximos 10 anos, mas sem aumentar os impostos aos mais ricos e às grandes corporações, em linha com a demanda dos republicanos.
O Senado dos Estados Unidos deverá votar o projeto ao meio-dia (13h00 de Brasília), e deverá aprovar a legislação, fruto de um acordo entre o presidente americano, Barack Obama, seus rivais republicanos e os aliados democratas.
O acordo obtido entre a Casa Branca e os líderes dos grupos parlamentares será "bom para a economia a longo prazo", estimou nesta segunda-feira o secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner.
"Será bom para a economia a longo prazo. Este acordo, por si só, não criará empregos, mas vai evitar maiores danos a curto prazo", afirmou Geithner em entrevista à rede de televisão ABC, pouco antes da Câmara de Representantes aprovar o projeto de lei.
"Como o presidente se nega a aceitar os cortes profundos nos gastos, como querem muitos congressistas, e como a lei inclui certas economias a longo prazo, isto melhorará a situação com o tempo", explicou.
Os mercados tinham se mostrado inicialmente otimistas diante do anúncio do acordo, mas depois os ânimos caíram. Na bolsa de Frankfurt, o índice Dax voltou a ficar nesta segunda-feira abaixo da barreira dos 7.000 pontos, pela primeira vez desde março. Em Milão, a Bolsa fechou com uma queda de 3,87%.
O temor dos mercados era que o acordo não fosse aprovado ou, mesmo que fosse, não conseguisse evitar que a nota AAA da dívida americana fosse rebaixada. A possibilidade de "uma degradação no curto prazo da nota se mantém viva", escreveram analistas do Barclays Capital, que consideraram que o acordo é "simplesmente pôr curativo".
Uma degradação provocaria uma alta dos juros que os Estados Unidos pagam para se endividar, afetando portanto sua economia.
Depois de ter insistido durante muito tempo em incluir no plano novas receitas fiscais, particularmente com impostos aos mais ricos, o presidente Barack Obama finalmente cedeu diante da resistência dos republicanos.
O acordo fechado no domingo não prevê alta de impostos, o que soa mal na ala democrata mais afastada da direita republicana.
Uma comissão integrada por republicanos e democratas em igual número terá posteriormente a tarefa de recomendar cortes de outros 1,5 trilhão para 23 de novembro, e o Congresso deverá aprová-los até 23 de dezembro.
Os republicanos obtiveram assim importantes cortes nos gastos, sem ceder em relação a uma alta de impostos aos setores mais ricos ou à supressão de vantagens fiscais, como a que possuem os proprietários de aviões destinados a negócios empresariais, que foi muito criticada pelo próprio Obama.
O presidente assegurou que o acordo vai levar os gastos federais a seu nível mais baixo em 60 anos, e se comprometeu a fazer com que isso não ocorra de forma "abrupta", em um momento em que o crescimento americano continua frágil (1,3%¨) e o desemprego alto (9,2%).
Nenhum comentário:
Postar um comentário