Junto com Netuno, Urano é considerado um “gigante de gelo”, uma classe de planetas distinta dos maiores Júpiter e Saturno, que são gigantes gasosos. Embora o hidrogênio e o hélio formem grande parte de Urano, além da significativa quantidade de água, o metano e a amônia congelados dão ao planeta uma cor diferente.
O tamanho de Urano também impressiona. O raio do planeta é quatro vezes maior do que o da Terra, e quase 16 Terras caberiam dentro da gigante esfera de gelo.
A humanidade não conhecia muito sobre Urano até a sonda Voyager 2 observar mais atentamente o planeta em 1986. Por enquanto, nenhuma outra missão de retorno é esperada. Até voltarmos ao planeta gelado, alguns grandes mistérios ainda continuarão sem respostas concretas. Confira abaixo:
Rotação incomum
Os planetas e o sol têm uma rotação parecida, já que todos eles giram sobre um eixo mais ou menos no mesmo plano. Mas Urano é uma exceção. Ele tem uma inclinação axial de 98 graus, o que significa que os pólos “norte” e “sul” do planeta são encontrados onde seria o equador da Terra. Parece que Urano foi simplesmente derrubado para os lados.
Os cientistas acreditam que a rotação do planeta gelado é assim porque um corpo do tamanho da Terra colidiu com Urano no início do sistema solar e “derrubou” o mundo.
Treze anéis de Urano e duas dúzias de luas têm uma rotação de lado também, orbitando o planeta como círculos em nossa perspectiva, o que dá credibilidade a essa teoria.
Aprender mais sobre o interior de Urano, que ao contrário de outros planetas não se adapta a qualquer modelo simples, e comparar ele com Netuno poderia ajudar a desvendar esse mistério. Isso porque pode haver indícios ou evidências da composição estrutural interior de Urano que comprovem que o planeta realmente sofreu um impacto gigante no passado.
Frio do interior até a superfície
Intrigantemente, Urano irradia pouco ou nenhum calor para o espaço, outra coisa que o torna único entre os planetas do sistema solar. Os planetas normalmente têm sobras de calor dentro deles, derivadas de seu processo de formação. O interior da Terra, por exemplo, permanece quente e derretido.
O mesmo impacto planetário que mudou o eixo de rotação de Urano pode também explicar sua aparente falta de calor interno. Se um corpo gigante realmente atingiu Urano, esse impacto pode ter despertado o interior do planeta. Isso teria levado o material quente para perto da superfície, tornando o planeta frio mais rapidamente.
A segunda hipótese é que o fluxo de calor normal do interior quente para a superfície mais fria, chamada de convecção, não esteja funcionando corretamente. Se esse for o caso, os cientistas ainda não conhecem a estrutura interior de Urano o suficiente para saber em que região a convecção estaria sendo inibida.
Onde Urano se formou?
Não muito tempo depois que o sistema solar se formou, as interações gravitacionais cumulativas de pequenos planetesimais começaram a mover Saturno, Urano e Netuno para cada vez mais longe. A estimativa é que esses planetas tenham dobrado ou triplicado as suas distâncias do sol.
Por sua vez, essa mudança de massa do sistema solar limpou a maior parte dos detritos remanescentes da gênese do sistema solar. Um grande número de corpos gelados provavelmente foi arremessado em direção à Terra durante o “intenso bombardeio tardio”, que começou 4,1 bilhões de anos atrás. A partir dele, água e material orgânico foi depositado em nosso planeta – criando o cenário perfeito para o desenvolvimento da vida.
Descobrir a história de Urano e como ele influenciou nosso planeta também é desvendar a possibilidade de vida em outros sistemas solares. De acordo com dados da sonda Kepler da NASA, os gigantes de gelo podem ser o tipo mais comum de planeta na galáxia.
Miranda, a mais curiosa lua de Urano
Os 27 satélites de Urano são pouco exóticos em comparação com a variedade de luas orbitando Júpiter e Saturno. Mas uma lua chamada Miranda se destaca por possuir uma das superfícies mais rugosas e irregulares do que qualquer outro corpo astronômico conhecido.
Essa pequena lua tem cânions profundos, camadas em terraços e um penhasco de 20 quilômetros de profundidade – o mais profundo conhecido no sistema solar.
Uma teoria por trás da confusão geológica de Miranda sugere que gelo é fluido do interior da lua e talvez seja aquecido pela gravitação de Urano e outras luas, que empurram o gelo através da superfície. Outra teoria sustenta que a lua foi quebrada várias vezes e depois se reuniu novamente, criando suas características irregulares e manchas.
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