Um demógrafo alemão, do Instituto Max Planck (Leipzig), usou um índice de mortalidade para estudar um dos aspectos mais “vivos” do ser humano: o início da sexualidade. Baseado na taxa em que os homens adolescentes mais encaram situações arriscadas, por estar com a testosterona a níveis altíssimos, ele afirma: os jovens do sexo masculino nunca tiveram maturidade sexual tão cedo quanto atualmente.
A maturidade sexual, em meninas, é um índice facilmente mensurável. Já se sabe que atualmente elas também atingem a plenitude de sua sexualidade mais cedo do que nunca, graças à observação da menstruação e do crescimento dos seios. Em rapazes, no entanto, essa medida é um pouco mais abstrata.
Não se considera, conforme explicam os médicos, que a puberdade masculina está no apogeu logo após a primeira ejaculação, por exemplo, porque as mudanças hormonais continuam por muito tempo depois disso. É por essa razão que pesquisadores estão buscando maneiras alternativas de medir esse índice em garotos. O pico de incidência da testosterona, neste caso, é o padrão escolhido.
A pesquisa, de autoria do demógrafo Joshua Goldstein, se baseia em um conceito sociológico, chamado de “accident hump” (literalmente, significa “cume dos acidentes”), que indica o ponto na vida de um homem jovem onde o excesso de testosterona mais afeta sua cautela. Ou seja, o momento em que o adolescente mais se deixa levar pelos hormônios e coloca a vida em perigo em situações arriscadas. Como este índice de mortalidade está atrelado à quantidade de testosterona, tal relação foi aproveitada por Goldstein.
Para usar esse índice, foi necessária uma ampla pesquisa histórica. Os pesquisadores analisaram o estilo de vida dos homens adolescentes na Suécia, Dinamarca, Reino Unido e Itália desde 1751. O objeto em questão era a mortalidade relacionada ao “accident hump”. Os resultados indicaram que essa mortalidade vem caindo 2,5 meses por década desde então. Isso significa, segundo os pesquisadores, que a cada década desde a metade do século XVII o homem está amadurecendo dois meses e meio mais cedo.
De acordo com esses cálculos, como explicam os cientistas, o rapaz de 18 anos de hoje é como o de 22 anos em 1800. Um exemplo prático disso é a mudança de voz. Os pesquisadores analisaram registros do coral de uma catedral alemã, na metade dos anos 1700. Na época, os garotos mudavam de voz aos 18 anos. Estudos recentes, na Grã-Bretanha, indicam que os garotos estão ganhando voz de homem logo aos 13.
As razões para esse amadurecimento rápido, no entanto, ainda não estão muito claras. Uma das teorias seria o aumento da qualidade de vida: como o adolescente de hoje é mais nutrido e tem menos doenças do que o rapaz de 300 anos atrás, mais recursos do corpo podem ser direcionados ao amadurecimento sexual. E as mudanças físicas, segundo o demógrafo, mostram certo “amadurecimento social”. Embora atinjam o ápice da sexualidade antes, os jovens de hoje tendem a escolher carreiras, casar e ter filhos mais tarde do que antigamente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário