Um político do Estado do Amazonas é alvo de denúncias referentes a abuso de menores de idade. Adail Pinheiro, prefeito da cidade de Coari, é acusado de chefiar uma quadrilha responsável por inúmeros estupros no município de 77 mil habitantes.
Após novas denúncias em forma de depoimentos e vídeos, o caso chegou ao Ministério Público do Amazonas e chocou as autoridades. Pinheiro já é um velho conhecido, já que há anos vem respondendo por queixas de pedofilia.
A cidade de Coari fica localizada às margens do Rio Solimões. É a segunda cidade com maior arrecadação do Amazonas e também é a segunda com maior PIB do Estado. Apesar da presença de uma empresa de extração de petróleo e fortes incentivos financeiros, grande parte da população não usufrui da renda gerada.
Adail faz parte do Partido Republicano Progressista (PRB) e exerce seu terceiro mandato. O acusado foi eleito pela primeira vez em 1999 e em 2008 foi patrocinador de uma escola de samba no Carnaval do Rio de Janeiro, cujo tema era a cidade amazonense.
Meses depois o município foi alvo de uma grande operação da Polícia Federal, após a suspeita de que mais de R$ 49 milhões foram desviados. Além disso, foram recolhidos indícios de que o prefeito Adail Pinheiro era o chefe de uma rede de exploração sexual na região. Após as constatações, o político ficou preso por 63 dias, mas foi solto por determinação da Justiça.
“Nós temos vários depoimentos que guardam uma coerência absolutamente incontestável, inclusive utilizando recursos públicos para manter uma rede de exploração sexual que ele se beneficia dela; são absolutamente concretos e absolutamente fundamentados”, diz a presidente da CPI da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, Érika Kokay, em entrevista ao “Fantástico”.
A denúncia mais recente contra o prefeito foi realizada no fim de 2013. Uma menina de 13 anos afirmou estar sendo obrigada pela mãe a ter relações sexuais com o prefeito em troca de dinheiro. Dias antes do encontro, a menina fugiu para Manaus, onde contou que chegou a ser espancada pela mãe para que perdesse a virgindade com o político.
Ao todo, 70 processos já foram registrados contra Adail e mesmo assim nenhuma medida foi tomada. “Eu não tenho nenhuma dúvida de que há uma morosidade. Nós estivemos com o presidente do Tribunal de Justiça do Amazonas. O processo estava absolutamente parado. Ele não tinha caminhado nem um passo”, destaca a presidente da CPI.
Nesta próxima semana, o Conselho Nacional de Justiça parte para Manaus, onde irá analisar os processos contra o prefeito de Coari. O grupo visa descobrir por que nenhuma ação legal não foi tomada diante de tantas provas contra Adail. Os conselheiros pretendem ainda responsabilizar os juízes caso seja comprovada negligência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário