Segundo uma nova pesquisa global feita com a ajuda de satélites, a Terra tem 657 ilhas a mais do que se pensava.
Os pesquisadores identificaram um total de 2.149 ilhas de barreira no mundo inteiro, número significativamente maior do que as 1.492 ilhas identificadas em um levantamento de 2001 realizado sem o auxílio de imagens de satélite.
O mundo das ilhas de barreira mede cerca de 21.000 quilômetros de comprimento. Elas são encontradas ao longo de todos os continentes, exceto na Antártida, e em todos os oceanos. As ilhas representam cerca de 10% das linhas costeiras da Terra. O hemisfério norte é o lar de 74% delas.
As ilhas de barreira formam frequentemente cadeias baixas e estreitas de depósitos de areia e sedimentos, que correm paralelas a uma costa, mas separadas dela por baías, estuários e lagoas.
Ao contrário de relevo parado, as ilhas de barreira constroem, corroem, migram e se reconstroem ao longo do tempo em resposta a ondas, marés, correntes e outros processos físicos no ambiente de mar aberto.
As ilhas de barreira (ou bancos de areia) ajudam a proteger as costas contra a erosão e danos de tempestades, e podem ser importantes habitats de vida selvagem.
A nação com o maior número de ilhas de barreira – 405 delas – são os Estados Unidos, incluindo as ao longo da costa ártica do Alasca.
Segundo os pesquisadores, isso fornece uma prova de que as ilhas de barreira existem em todo tipo de clima e em todas as combinações de ondas de maré. Em toda parte onde houver um pedaço de terra junto à costa, uma razoável oferta de areia, ondas o suficiente para passar sobre a areia ou sedimentos e subidas no nível do mar, as ilhas de barreira existem.
E como não tínhamos visto ou ouvido falar de 657 ilhas no mundo inteiro? As ilhas de barreira recentemente identificadas não apareceram milagrosamente na última década, com certeza. Segundo os cientistas, elas já existiam, mas foram ignoradas ou erroneamente classificadas em estudos anteriores.
Anteriormente, por exemplo, os cientistas acreditavam que as ilhas de barreira não poderiam existir em locais com marés sazonais de mais de 4 metros. No entanto, o novo estudo identificou a maior cadeia mundial de ilhas de barreira, ao longo de um trecho da costa equatorial do Brasil, onde as marés atingem 7 metros.
A cadeia de 54 ilhas se estende por 571 quilômetros ao longo da orla de uma floresta de mangue, ao sul da foz do rio Amazonas. Levantamentos anteriores não a reconheceram como uma costa de areia em parte porque antigas imagens de satélite de baixa resolução não mostravam uma clara separação entre as ilhas e os manguezais.
Também, a cadeia não se encaixa no critério de maré usado para classificar as ilhas de barreira nos Estados Unidos, onde a maioria dos estudos foi realizado. Os cientistas não haviam considerado que as reposições de areia são tão abundantes na costa equatorial brasileira que podem compensar as erosões causadas pelas marés mais altas da primavera.
As novas descobertas mostram a necessidade de uma nova maneira de classificar e estudar os bancos de areia, de modo que os cientistas possam prever quais das ilhas de hoje poderiam estar em perigo de desaparecer em um futuro próximo.
As mudanças climáticas deste século, segundo eles, ressaltam a necessidade de melhorar a compreensão dos fatores ambientais na evolução dessas ilhas, a fim de prever os impactos futuros.
Outro problema é que as ilhas de barreira estão sob pressão enorme do desenvolvimento. Uma ilha de barreira desenvolvida, mantida no lugar por diques, molhes e esporões, não pode migrar e torna-se essencialmente incapaz de responder às mudanças que ocorrem ao seu redor.
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