terça-feira, 28 de agosto de 2012

Rio - ‘Se a PM está presente, tem obrigação de agir’, diz Beltrame



“Se a PM está presente, ela tem obrigação de agir. E a Polícia Civil tem obrigação de investigar se há armazenamento de drogas no local”, disse o secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, em entrevista ao Bom Dia Rio. Segundo ele, as polícias do Rio não podem se omitir diante das denúncias feitas pela reportagem que mostra o consumo e tráfico de drogas em ruas da Lapa, no Centro do Rio.
Segundo o secretário, é de “responsabilidade precípua”, dos comandantes dos batalhões da área cuidar para que não haja venda e consumo de drogas e dos delegados de todas as delegacias da região investigar onde a droga está sendo escondida.
O comércio e o consumo de drogas é praticado de forma liberal em um dos lugares mais procurados por turistas no Rio de Janeiro, a Lapa, na região central da cidade. A compra e a venda acontecem na rua onde funciona a sede da Polícia Civil e a poucos metros da Polícia Militar. A região tem oferecido aos visitantes mais do que as atrações habituais das casas noturnas, conforme mostrou o Jornal Nacional nesta segunda-feira (27).
Promoção de cocaína
Em um fim de semana na Lapa, durante a madrugada, no meio da rua, jovens se drogam livremente. O traficante pergunta: “Qual a parada? Pó, maconha?”. Ele oferece ao repórter um pacote de cocaína por R$30, fazendo uma promoção: dois pacotes custam R$50,00. Perguntado sobre a quantidade, o traficante indica que é uma cápsula grande e cheia.
É uma cena comum no local: traficantes vendendo e usuários comprando cocaína. Logo atrás de um dos grupos que fazem a transação, há um carro da Polícia Militar. Mas isso não é motivo de preocupação para os jovens. Sem saber que estava sendo gravado, um guarda respondeu que o uso de drogas no bairro é normal.
Repórter: Sr. guarda, boa noite. Vi algumas pessoas fumando e cheirando aqui na Lapa. É normal isso aqui?
Policial: Aqui é o antro da perdição. Eles usam mesmo. Mas têm que usar mais escondido, né? Mas que eles usam, eles usam…
Apesar das imagens exibirem o tráfico de drogas na área turística, a Polícia Civil afirmou que realiza operações seguidas no local.
PM culpa multidão 
O ponto de encontro dos traficantes fica numa vila ao lado do Tribunal Regional do Trabalho, que fica no número 132 da Rua do Lavradio. É de lá que saem as drogas comercializadas na Lapa. O TRT declarou que não tem conhecimento de atividades ilícitas naquela região
Conforme o JN exibiu, através de um passeio de helicóptero, é possível ver que os criminosos agem a cerca de 350 metros da sede da Polícia Civil do Rio de Janeiro.
A Polícia Civil é responsável pela investigação de crimes no estado e por preservar a ordem pública. O comandante da Polícia Militar do Rio de Janeiro, Amauri Simões, explica porque o consumo de drogas não é reprimido na região.
“Nas noites de sexta-feira e sábado, a Lapa é invadida por uma multidão, por mais de 30 mil pessoas. A cada mês, mais restaurantes e bares são abertos lá. Então, realmente, é muito difícil. A multidão é muito grande”, disse.
Guarda municipal
A Guarda Municipal, que também faz patrulhamento na região, admite que é frequente o consumo de drogas na região. Sem saber que estava sendo filmado, um repórter pergunta ao guarda se é normal acontecer assaltos na Lapa.
Repórter: Está cheio de assalto aqui na Lapa. É normal isso aqui?
Guarda: Você vai voltar aqui no final de semana que vem, vai passar ali, e vai ver a mesma coisa…
Repórter: Cheirando cocaína, é isso mesmo? Você vê isso também?
Guarda: Eu não vi, mas eu sei que tem. Rola de tudo, né… É chato, mas eu vou te falar a verdade… Eu não vou nem ficar passando a maquiagem numa coisa que você está vendo… A gente trabalha assim mais para dar uma sensação de segurança. A verdade é essa.
A Guarda Municipal informou que não tem atribuição constitucional de atuar no combate direto ao crime. E que nesses casos, os guardas devem pedir apoio aos órgãos de segurança pública.

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