segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Chefe de Polícia Civil quer proibição da torcida Young Flu nos estádios - notícias em Rio de Janeiro



A chefe de Polícia Civil, delegada Martha Rocha, entrou com uma representação no Ministério Público pedindo a proibição da torcida Young Flu nos estádios, a exemplo do que já aconteceu com a Torcida Jovem Fla, na semana passada, e a Força Jovem do Vasco, no ano passado. Se a Justiça decidir pela proibição, somente o Botafogo - pelo menos até o momento - continuará com sua torcida organizada autorizada a entrar nos estádios.
A decisão ocorre após integrantes da torcida organizada Young Flu, terem sido presos no sábado (25) por agredir dois torcedores do Vasco, e autuados por lesão corporal, formação de quadrilha e corrupção de menores, já que no grupo havia adolescentes. Três deles ainda vão responder por roubo, por terem levado pertences dos vascaínos, de 16 e 17 anos.
O grupo agressor prestou depoimento, na madrugada deste domingo (26), à delegada Cristiane Carvalho, da 24ª DP (Piedade). Ela informou que, por conta da soma das penas previstas nos crimes em que foram enquadrados, não é possível libertar os autuados sob fiança.
Dos 23 detidos, 21 foram levados para a penitenciária Alfredo Tranjan, conhecida como Bangu 2, do Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste do Rio. A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) informou que os presos passarão por uma triagem e poderão cumprir a pena em outros presídios. Dois menores foram encaminhados para a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA).
Os torcedores presos vão responder por corrupção de menores, incitação a tumulto, lesão corporal e formação de quadrilha. “Que isso sirva de alerta pros outros torcedores pra que eles não se deixem levar pelo grupo. E se tenha responsabilidade na sua conduta individual”, ressaltou a delegada Cristiane Carvalho.
É uma torcida maldita, diz mãe
Parentes estiveram na delegacia, se emocionaram e ficaram revoltados. “Depois que meu filho entrou pra essa torcida, a vida dele... é uma torcida maldita. A Young Flu, eu não tenho medo de denunciar, não”, desabafou a mãe de um dos presos, de 26 anos, em entrevista ao RJTV. “Violência! Violência! Violência! Eles saem de casa com o propósito de matar”, completou, contando que o filho – ao sair de casa – disse que ia para a casa da namorada, e não ao jogo. “É vergonhoso para uma mãe”.
...é uma torcida maldita. Violência! Violência! Violência! Eles saem de casa com o propósito de matar"
mãe de torcedor da Young Flu preso no sábado (25)
Segundo a assessoria da Polícia Civil, Martha Rocha vai concluir, ainda nesta segunda-feira (27), o texto da portaria que cria um Núcleo de Combate e Prevenção às Ações de Torcidas para publicação no boletim interno da Polícia Civil, na terça-feira (28). Esse núcleo vai atuar com várias delegacias especializadas em conjunto com a Subchefia Operacional.
Com o funcionamento deste núcleo, cada especializada vai cuidar de sua parte na investigação de torcidas organizadas de clubes. A Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) atua nas questões de brigas e provocações pelos sites de relacionamento, a Delegacia de Defraudações e a Delegacia do Consumidor vão reprimir o comércio de ingressos falsificados, a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente e a Delegacia da Criança Vítima ficarão responsáveis pela atuação de menores e a Delegacia Especiali de Atendimento ao Turista vai atuar na prevenção e combate a confusões que envolvam turistas torcedores, já visando os grandes eventos, como a Copa das Confederações, em 2013, e a Copa do Mundo, em 2014, no Rio de Janeiro.
Segundo a assessoria, o núcleo criado em 2005, pelo então chefe de Polícia Civil Álvaro Lins, funcionou apenas na época. O núcleo era ligado à Divisão de Homicídios (DH) e cuidou de homicídios ocorridos entre membros de torcidas.
Agressão em estação de trem
A agressão aconteceu na tarde de sábado, na estação de trem do Engenho Novo, subúrbio do Rio, antes do jogo entre Fluminense e Vasco, pelo Campeonato Brasileiro. Segundo a delegada, os adolescentes agredidos não pertencem a torcida organizada, mas vestiam uma camisa do clube quando foram atacados.
Na manhã deste domingo, as vítimas deixaram o Hospital Salgado Filho, no Méier, onde foram atendidas. Além de terem sofrido várias escoriações, os jovens tiveram roubados tênis e carteira com dinheiro e cartão de crédito.
“As vítimas foram localizadas, extremamente machucadas, foram medicadas num hospital próximo e após encaminhadas à delegacia”, afirmou a delegada Cristiane Carvalho. “As vítimas estavam atemorizadas”.
Protetor bucalO comandante do Gepe (Grupamento Especial de Policiamento em Estádios), tenente-coronel João Fiorentini, disse que alguns dos presos utilizavam protetor bucal, equipamento utilizado em artes marciais.
“Isso demonstra que essas pessoas já foram ao jogo com o objetivo de brigar. Nós monitoramos esses torcedores desde quando eles entraram no trem”, explica o comandante.
Os integrantes da Young Flu foram levados para o Juizado Especial Criminal (Jecrim), localizado no estádio João Havelange.
Young Flu diz que vai apurar o caso
A torcida organizada Young Flu informou que vai apurar junto ao Gepe o que aconteceu antes da partida no Engenhão no sábado. E que, "se ficar comprovado que os torcedores são filiados à torcida, eles podem ser suspensos ou até expulsos". A Young Flu informou ainda que "não compartilha com atitudes violentas de torcedores e que trabalha em parceria com a PM e com o Ministério Público na prevenção à violência".

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