O governo do Rio de Janeiro já admite que a Polícia Militar pode reocupar o Complexo do Alemão, na zona norte da cidade. Hoje o dia foi tenso no conjunto de favelas onde quatro pessoas foram mortas nas últimas 48 horas.
No velório de Eduardo de Jesus, de 10 anos, a família estava inconformada. “Ele queria ser bombeiro ou motorista. Tiraram o sonho dele e de mim, meu sonho era ver ele crescido, estudado e um cidadão brasileiro de bem”, lamentou José Maria Ferreira de Souza, ajudante de pedreiro e pai do garoto.
Segundo a polícia, o menino foi atingido por um tiro de fuzil em meio a um confronto com traficantes.
A mãe contesta. Diz que ouviu o som de um único disparo. “Foi questão de 10 segundos. Eu escutei só aquele estouro e o grito dele. Quando saí para fora meu filho estava despedaçado”, revela Terezinha Maria de Jesus , diarista.
Momentos depois, moradores fizeram um vídeo que mostra o desespero de uma mulher. Perto do corpo do menino, havia policiais armados.
Os PMs envolvidos na operação foram afastados do trabalho de rua e tiveram as armas apreendidas para análise. O menino que morreu ontem foi a quarta vítima da violência no Complexo do Alemão essa semana.
Nesta sexta-feira, 270 homens reforçaram o policiamento no Alemão. A Polícia Militar também começou a montar trincheiras. Usou sacos de areia e tonéis de concreto para proteger as bases da UPP contra ataques de bandidos.
À tarde, um grupo protestou em um dos principais acessos à comunidade. PMs se aproximaram para negociar a liberação do trânsito. O clima ficou tenso. A polícia jogou spray de pimenta e lançou bombas de efeito moral. Moradores atiraram pedras e garrafas contra os policiais.
Em outro momento de tensão, dezenas de motoqueiros ocuparam a rua de repente. Passaram várias vezes diante dos policiais e depois percorreram a região por mais de uma hora.
Outros moradores, que não saíram de casa, preferiram usar panos brancos nas lajes para pedir paz.
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