É impossível dizer que o veranico que bateu recordes de calor no inverno de algumas cidades brasileiras foi provocado pelo aquecimento global. Os termômetros atingiram marcas inéditas em lugares como São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro (foto acima). São variações que sempre ocorreram. O sobe e desce dos recordes faz parte da variabilidade climática normal. Você só enxerga um sinal de mudança climática nas médias, e não nos eventos extremos. E há razões para acreditar que, em média, as temperaturas das grandes cidades do mundo, inclusive as brasileiras, estão aumentando.
É o que mostra um levantamento exaustivo feito pelo grupo de cientistas do projeto Berkeley Earth Surface, liderado pelo físico americano Richard Muller, da Universidade da Califórnia, em Berkeley. Richard, inicialmente crítico das certezas gerais sobre o aquecimento global, decidiu há dois anos montar um grupo de pesquisas independentes para avaliar o comportamento das temperaturas ao redor do mundo. Conseguiu vários financiadores, entre os quais a Fundação Charles Koch. A fundação, criada por Charles Koch, dono de indústrias de petróleo, apoia pesquisas e campanhas para desacreditar as evidências das mudanças climáticas provocadas pelo homem.
Ao longo de dois anos, Richard coletou dados de 39 mil estações de medições meteorológicas. Para garantir transparência total no processo, bem como a análise por qualquer pessoa do mundo, todos os dados e os códigos de computador usados nos estudos estão disponíveis online, para quem quiser baixar e analisar por si próprio. Ao longo da pesquisa, Richard reviu sua posição inicial e passou a concordar com a voz corrente dos cientistas sobre as mudanças climáticas. Hoje, usa seus dados para mostrar como a Terra está esquentando rapidamente por efeito dos gases poluentes emitidos pela atividade humana.
Os dados da pesquisa já resultaram em informação prática de temperatura que pode ser consultada online para qualquer lugar do mundo. A média brasileira subiu 1,5 grau Celsius de 1985 para cá.
(Alexandre Mansur)
Foto: Felipe Hanower / Agência O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário