Você com certeza já ouvir falar de Farrokh Bulsara. “Quem?”, pergunta você, leitor. Oh, nem todos conhecem por esse nome. Mas certeza de que você já ouviu falar. Nascido a 5 de setembro de 1946, em Zanzibar, um arquipélago de duas ilhas localizadas ao largo da costa da Tanzânia, Farrokh Bulsara, conhecido como Freddie Mercury, completaria 66 anos de idade este ano. Ele jamais imaginaria onde o seu nome seria cravado anos depois. Depois da breve história do frontman do Queen, conheça mais detalhadamente a história e os discos desta, que é uma das maiores bandas da história da música.
Assim como Machado de Assis, é viável começar a contar essa história do fim. Melhor começar pelo desagradável pra acabar logo. Por isso, vamos fazer o contrário. Como uma espécie de Benjamin Button. Freddie Mercury faleceu em 24 de novembro de 1991 às 18:45, vítima de uma broncopneumonia causada pela AIDS. O dia 24 de novembro já começou tenso: Freddie estava ardendo em febre e inconsciente. Para aliviar a dor, precisava tomar morfina. A condição dele estava cada vez mais crítica: não conseguia comer nada sólido, a visão se enfraquecia e não conseguia se mover. Passava os dias trancado em seu quarto, deitado, em companhia de seus gatos. Ele só declarou ao mundo que havia contraído o vírus da AIDS no dia 23, um dia antes de morrer. Mas antes da verdade vir à tona mesmo, a imprensa já matutava sobre o estado de saúde de Freddie. Cada dia mais frágil e isolado, passava muito tempo em casa. Apesar de distante, continuava gravando com a banda. A passos curtos, mas ainda gravava. A AIDS havia devastado um ícone do rock que todos achavam ser imortal.
Desde criança, sempre se mostrou muito promissor nas artes. Vivia escondido do mundo ocidental com sua família e tinha pouco acesso a jornais e revistas, recebendo elas meses depois. Gostava muito de música, fotografia e teatro, tendo atuado em diversas peças da escola, em sua maioria papéis femininos. Com oito anos, se mudou pra Bombain, na Índia, e ingressou na escola de St Peter, onde passou a ser chamado de Freddie. Lá, começou a cantar e tocar piano numa banda intitulada “Hectics”, junto com mais quatro colegas. Sua estadia nesta escola não poderia ter sido mais promissora.
Em 1966, Freddie ingressou na Escola de Arte de Ealing, em Londres, onde estudou design gráfico e mergulhou de cabeça na Pop Art, trabalhando com retratos e pinturas deste movimento, usando como modelos os astros do cinema e da música pop. Além disso, ele trabalhou com moda e produziu uma série de looks. Como podem perceber, ele sempre esteve tão dentro desse universo. Tão dentro, tão a vontade que não se podia nem questionar sua verdadeira vocação. Até que em 1973…
Pera… Em 1967, Brian May, Tim Staffell e Roger Taylor integravam o trio “Smile”, no Imperial College em Londres, uma universidade com foco em ciência, engenharia e medicina. Staffell, responsável pelo baixo e pelos vocais, teve que sair do grupo em 1970 e então apresentou May e Taylor, guitarrista e baixista respectivamente, a Freddie, que viria se tornar o vocalista da banda, que foi batizada de (agora sim!) QUEEN. John Deacon, baixista, entrou por último na banda.
Em 1973, Queen lançou seu primeiro álbum, intitulado “Queen”, com um som mais pesado, mais heavy metal, justamente pra tentar se mesclar ao som da época na Inglaterra. Keep Yourself Alive, que entrou no Top 40 do Reino Unido, e Liar foram os singles do álbum. Gravado em apenas um mês, o segundo álbum, Queen II, foi lançado em 1974 com um som mais melódico que o disco anterior, com uma pitada de heavy metal. Seven Seas of Rhye, sucesso do disco, foi a primeira canção da banda a chegar no top 10. Sheer Heart Attack, também de 1974, foi o primeiro álbum do Queen a estar entre os dez mais vendidos da Inglaterra e o que impulsionou o grupo para o sucesso mundial. O primeiro single do álbum, Killer Queen, chegou ao 2º lugar das paradas britânicas e ao top 20 das paradas norte americanas.
Em 1975, Queen se superou e alcançou a plenitude artística com o disco A Night At The Opera, sendo considerado o melhor disco do grupo pelos fãs e pela crítica. Cada instrumento foi gravado em um estúdio diferente. As harmonias em camadas múltiplas, a mistura do rock com a ópera, as firulas na guitarra de Brian May deram ao álbum o status de obra-prima, sendo chamado de “White Album” do Queen, fazendo alusão ao disco dos Beatles no quesito importância histórica. Bohemian Rhapsody, que atingiu o topo das paradas britânicas e por lá permaneceu por nove semanas, é épica não só pelo título como pela produção: 180 overdubs e 70 horas para ser gravada. Love of my Life, uma das baladas mais queridas pelos fãs, é suave e os vocais de Freddie mesclados a harpa simplesmente deram a elegância que o álbum propôs.
O álbum seguinte, A Day at the Races, lançado em 1976, trouxe a tona o hit Somebody to Love e atingiu o topo das paradas britânicas e o 5º lugar nos Estados Unidos. Mas os hits certeiros da banda vieram mesmo com o próximo álbum, o News of the World, de 1977: We Are The Champions e We Will Rock You. Spread your Wings também é um grande momento do disco. Em 1978, a banda lançou o álbum Jazz, duramente criticado pela imprensa, apesar de ter excelentes hits, muito queridos pelos fãs, como Bicycle Race, Fat Bottomed Girls e a famosona Don’t Stop Me Now.
A sonoridade do Queen foi adaptada nos anos 80: a inserção de elementos eletrônicos em suas canções lhe trouxe grandes êxitos. O disco The Game, de 1980, traz as divertidas faixas Crazy Little Thing Called Love, a la Elvis Presley, e Another One Bites the Dust, com uma linha de baixo fenomenal que flerta com o R&B e a música negra. Depois veio Flash Gordon, no mesmo ano, que se trata da trilha sonora do filme de Dino de Laurentis.
Em 1982, Hot Space veio com tudo, com influência R&B, disco e dance. O destaque deste álbum é a faixa Under Pressure, com a participação de David Bowie. Em 1984, a fase de maior repercussão da banda foi, sem dúvida, com o lançamento do álbum The Works. Os hits Radio Ga Ga e I Want to Break Free são queridos pelos fãs devido à nova sonoridade e pelos horizontes ampliados, soando exatamente o contrário do que as outras bandas faziam.
Em 1986, a banda lança A Kind of Magic, disco baseado na trilha do filme Highlander. Segundo relatos, Freddie teria contraído o vírus da AIDS no ano de 1987, portanto este seria o último álbum a ser promovido em turnê. A Kind of Magic, One Vision e Friends Will Be Friends são alguns hits deste álbum. A faixa Who Wants To Live Forever apresenta uma orquestra que é conduzida por Michael Kamen. O disco atingiu o primeiro lugar no Reino Unido, vendendo 100.000 cópias apenas na primeira semana. Em 1988, gravou juntamente com a cantora lírica Montserrat Caballe, o álbum Barcelona, cuja faixa título, dueto, é capaz de arrepiar até os pelinhos do… deixa pra lá. Só escutando mesmo.
The Miracle, lançado em 1989, atingiu o primeiro lugar no Reino Unido, na Austria, na Alemanha, na Holanda e na Suíça e trouxe hits como I Want It All, The Invisible Man, Scandal e Breakthru. Em 1991 foi lançado o último álbum com Freddie ainda em vida: Innuendo. Previsto para ser lançado em 1990, as gravações tiveram um ritmo mais lento devido à saude debilitada de Freddie, que viria a falecer em 24 de novembro do mesmo ano. Os destaques do disco são The Show Must Go On (um aviso de que as coisas tinham de continuar, apesar de tudo), Innuendo, I’m Going Slightly Mad e These Are The Days of our Lives, que mostra um Freddie abatido e fraco.
Made In Heaven, de 1995, é um álbum póstumo do Queen com faixas inéditas. A banda trabalhou nos vocais e no piano gravados por Freddie. Em 2005, Brian May e Roger Taylor (John Deacon se aposentou ainda na década de 90) se juntam a Paul Rodgers para excursionar pela Europa. Queen + Paul Rogers lançam em 2005 o álbum Return of the Champions e em 2008 The Cosmos Rock.
Rogers pode ter feito um grande trabalho, mas nenhum vocalista tão bom no mundo vai substituir a lenda, o mito, Freddie Mercury. Sua voz, suas facetas, suas sacadas (tanto na composição como na produção) fizeram história e influenciaram gerações. Seu som é do bom e não fica velho, tampouco cansativo. Ele não só tinha voz e musicalidade impecáveis, como também era carismático e completamente sem vergonha. Um verdadeiro líder. Quem diria que aquele garotinho dentucinho de Zanzibar se tornaria um ícone da música. E, claro, um meme muito conhecido nas internet.
Long live the Queen!
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