Relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância aponta avanço global no tema nos últimos 20 anos e observa que localização geográfica e situação econômica não são empecilhos para progressos.
Vários países em todo o mundo, incluindo o Brasil, estão diminuindo rapidamente a mortes de crianças, demonstrando que é possível reduzir de forma drástica a mortalidade infantil no espaço de duas décadas. O Relatório de Progresso 2012 – intitulado ‘O compromisso com a sobrevivência da criança: Uma promessa renovada’ – analisa as tendências nas estimativas de mortalidade de crianças pequenas, desde 1990, e mostra que, em todas as regiões do globo, as reduções mais significativas foram alcançados na mortalidade de crianças menores de 5 anos.
Os dados divulgados hoje (13) pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e pelo Grupo Interinstitucional de Estimativas sobre Mortalidade Infantil das Nações Unidas – compostam ainda pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pela Divisão de População do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU (DESA) e pelo Banco Mundial – mostram que o número de crianças menores de cinco anos que morreram em todo o mundo caiu de quase 12 milhões, em 1990, para 6, 9 milhões, em 2011. Acesse o relatório (em inglês) clicando aqui.
Acesse os mapas interativos sobre mortalidade na infância e suas causas em todo o mundo clicando aqui.
O relatório destaca que a região onde se localiza o país e sua situação econômica não são obstáculos para a redução da mortalidade na infância. Países de baixa renda, como Bangladesh, Libéria e Ruanda; de renda média, como Brasil, Mongólia e Turquia; e de renda alta, como Omã e Portugal, têm feito progressos impressionantes na redução das taxas de mortalidade de crianças menores de cinco anos, diminuindo este indicador em mais de dois terços, entre 1990 e 2011.
O Brasil promoveu uma redução de 73% da mortalidade infantil (até cinco anos de idade), bem maior do que a média global, que foi de pouco mais de 40%. Em 1990, o Brasil registrava 58 mortes a cada mil crianças nascidas, número que foi reduzido para 16 em 2011.
No entanto, se comparados a índices de outros países, o Brasil ainda ocupa uma posição desconfortável (107) na tabela de mortes de crianças. Nas Américas, Cuba e Canadá lideram o índice com apenas 6 mortes por mil, enquanto Cingapura, Eslovênia, Suécia e Finlândia lideram respectivamente o ranking global de menos mortes (menos de 3 por mil). Ainda nas Américas, Haiti (70 por mil) e Bolívia (51 por mil) lideram com o maior número de mortes, enquanto Serra Leoa, Somália, Mali e Chade possuem os piores índices globais.
“O declínio global na mortalidade entre crianças menores de 5 anos é uma conquista significativa e uma prova do trabalho duro e da dedicação de muitos, incluindo governos, doadores, agências internacionais e as famílias”, disse o Diretor Executivo do UNICEF, Anthony Lake.
“Mas há tarefas inacabadas: milhões de crianças menores de cinco anos ainda morrem a cada ano de causas evitáveis para os quais existem intervenções comprovadas e acessíveis. Essas vidas poderiam ser salvas por meio de vacinas, nutrição adequada e cuidados básicos e de saúde materna. O mundo tem a tecnologia e o conhecimento para fazer isso. O desafio é torná-los disponíveis para todas as crianças”, completou Lake.
África Subsaariana e Sul da Ásia somam mais de 80% de todas as mortes
Apesar de significativos, os ganhos ainda são insuficientes para alcançar o quarto objetivo de desenvolvimento do milênio, que estipula a redução global da taxa de mortalidade de crianças menores de cinco anos em dois terços entre 1990 e 2015. Apenas seis das 10 regiões mundiais estão a caminho de atingir a meta.
O relatório combina estimativas de mortalidade com uma descrição das principais causas de mortalidade infantil e de estratégias que são necessárias para acelerar o progresso. As mortes de crianças com menos de cinco anos estão cada vez mais concentrados na África Subsaariana e no Sul da Ásia, que juntos representaram mais de 80% de todas as mortes de crianças menores de cinco anos em 2011. Em média, uma em nove crianças da África Subsaariana morre antes do seu quinto aniversário.
Mais da metade das mortes por pneumonia e diarreia, que juntas respondem por quase 30% das mortes de crianças menores de cinco em todo o mundo, ocorrem em apenas quatro países: Índia, Nigéria, Paquistão e República Democrática do Congo. As doenças infecciosas são caracterizadas por questões relacionadas às desigualdades que afetam desproporcionalmente as populações pobres e vulneráveis, sem acesso a serviços básicos e de prevenção. Essas mortes são evitáveis.
Sob o tema de uma promessa renovada está surgindo um movimento global para a sobrevivência da criança para revigorar, reorientar e alavancar duas décadas de progressos significativos. A oportunidade de conseguir uma profunda redução das mortes evitáveis de crianças nunca foi tão grande. Desde junho, mais da metade dos governos do mundo renovaram o seu compromisso com a questão. Entre as cinco ações prioritárias, os aliados da causa se comprometem a acelerar os progressos alcançados, concentrando-se em áreas onde o desafio da sobrevivência infantil é maior.
É necessário intensificar os esforços, em particular nos países mais populosos e que têm uma alta taxa de mortalidade. Além de fatores médicos e nutricionais, melhorias em outras áreas como a educação, o acesso à água potável e saneamento, a proteção da criança e empoderamento das mulheres, também aumentam as chances sobrevivência e desenvolvimento das crianças.
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