O Globo traz editorial reacionaríssimo contra reforma política
Publicado em 31-Jan-2012(atualizado em 01/02/2012)
"É um erro plebiscito para reforma política" (título), este irado editorial de hoje de O Globo contra a reforma política - mais especificamente contra a proposta de plebiscito para decidi-la, a ser apresentada pelo deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) - é uma peça de museu, um canto ao atraso e ao elitismo.
O editorial - O Globo, na verdade - considera que "temas de alta complexidade (como sistemas de voto e de financiamento de campanha a serem decididos pelo povo em plebiscito, segundo a proposta do deputado Miro) não podem ser decididos à base de consultas do tipo "sim" ou "não"."
Podemos concordar ou não com a proposta do deputado Miro Teixeira, mas este editorial do jornal dos Marinhos foi muito longe, é demais. Seu principal argumento é que o povo não sabe decidir temas complexos. Um editorial que é o suprasumo e um símbolo do reacionarismo e atraso do jornal. O povo não pode decidir ou o jornal não quer que ele participe da decisão?
O povo não pode decidir ou o jornal não quer que ele participe da decisão?
Não há nada de complexo no plebiscito e em o povo decidir. Na prática, o jornal e o que ele representa defendem a continuidade do atual sistema. O que é curioso porque dizem combater a corrupção, tanto o jornal quanto aqueles de quem ele é porta-voz. E nada contribui mais para a corrupção do que um processo de eleição como é o nosso hoje onde o poder econômico predomina e o voto é uninominal encarecendo as campanhas como nunca, e majorando-os assustadoramente à cada pleito.
Daí a necessidade da instituição do voto em lista e do financiamento público de campanhas, duas das medidas que aprimoram e saneiam, de fato, o nosso processo eleitoral. As medidas que O Globo, no final de seu editoria, propõe que sejam adotadas (o jornal quer só "revisões tópicas", nada de uma reforma política completa), o fim da coligação proporcional e a vigência da cláusula de barreira, já foram aprovadas pelo Congresso Nacional, julgadas e declaradas inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Ao contrário do que defende O Globo, num país que precisa e reivindica uma reforma política, as duas medidas não resolvem em nada o problema, nem as imperfeições do sistema eleitoral, apesar que sempre as defendemos e votamos a favor delas.
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