sábado, 25 de fevereiro de 2012

Astro de Harry Potter protagoniza A mulher de preto


Daniel Radcliffe

Radcliffe é um advogado viúvo que não tem muito tempo para o filho pequeno, e precisa lidar com fantasmas -reais e imaginários- durante sua viagem

Quando o personagem de Daniel Radcliffe entra num trem, logo no começo de A mulher preto, algum desavisado poderia pensar que ele estivesse a caminho de Hogwarths, em mais uma aventura da cinessérie Harry Potter.

Mas não, ele vai para um lugarejo remoto na Inglaterra. O que vai fazer, pouco importa, porque não passa de uma mera desculpa, para, pouco depois, aprisioná-lo numa mansão assombrada pela personagem-título.

Radcliffe é um advogado viúvo que não tem muito tempo para o filho pequeno, e precisa lidar com fantasmas -reais e imaginários- durante sua viagem.

A Mulher de Preto, uma maldição local, mata criancinhas toda vez que alguém a vê, como punição por terem-na separado de seu filho pequeno. Assim, a cada aparição, uma criança morre de forma trágica. E o ex-Harry Potter vê a mulher vezes suficientes para os moradores locais cogitarem expulsá-lo dali.

Só um ricaço (Ciarán Hinds) toma as suas dores. Embora ele tenha perdido um filho, não acredita naquilo que chama de crendice popular. Sua mulher (Janet McTeer, de Albert Nobbs), pelo contrário, diz até travar contato com o filho morto durante transes mediúnicos. Já a tal Mulher de Preto aparece sem qualquer sutileza e só vem mesmo para provocar sustos.

Quando algum filme de fantasmas e casas amaldiçoadas irá fugir da gramática do gênero? Quando sustos baratos serão evitados? E quando, o mais importante, a conclusão vai deixar de ser patética?

Aliás, por que se precisa de uma explicação? Por que no final todas as pontas precisam ser atadas?

Em Os pássaros, Alfred Hitchcock fez uma grande ousadia: ao final, nada se conclui, nada se explica. Aqui, ao contrário, o filme acaba muito antes da história. Não seria nada mal se o diretor James Watkins e a roteirista Jane Goldman optassem por algo parecido, ao invés do final previsivelmente frustrante.

A bela direção de arte -os brinquedos de corda são excepcionais- não compensa a fragilidade do roteiro, que muda o fecho da história original, escrita por Susana Hill, e que, há mais de duas décadas é sucesso nos palcos de Londres, chegando à sua 9.000a apresentação no meio do ano.

Radcliffe, aliás, não é uma boa escolha para o personagem – e isso não tem nada a ver com sua até aqui limitada capacidade dramática. Ele não tem o porte físico que o papel pede. Às vezes, parece um garoto usando as roupas do pai -grandes demais para ele- e brincando de ser adulto.

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