sexta-feira, 25 de março de 2016

SP tem 23 mortes por complicações respiratórias provocadas pelo H1N1











A gripe chegou mais cedo este ano em São Paulo e com muitos casos do tipo mais grave, o H1N1. O estado já vive um surto com 157 casos e 23 mortes por complicações respiratórias provocadas pelo H1N1, um dos três subtipos do vírus Influenza, até o meio de março. A informação é do Jornal Nacional.
Com cara de quem acabou de acordar, Lucas sente-se em casa. Na verdade, ele está no hospital. Chegou com uma febre muito alta, de mais de 39 graus. O pai fez o certo: correu pro pronto-socorro. E avisou que já tinha tido um caso de gripe H1N1 na escolinha do menino.
"Começaram nos explicar quais seriam os sintomas que aconteceriam, é, caso de fato ele estivesse com esse vírus e... Infelizmente, todos iam acompanhando: uma coriza, uma tosse, é, uma, o vômito, que só foi cessado com a medicação, é, tosse, entre outras coisas", disse Márcio Miranda, pai do Lucas.
Mas, agora, esse ano, o vírus começou a atacar no fim do verão: fevereiro, março. Ainda não se sabe exatamente porque que é que isso está acontecendo. Mas a hipótese mais provável é que brasileiros que tenham viajado durante as férias para países do hemisfério norte, como Estados Unidos e Canadá, onde o vírus H1N1 continua circulando, tenham trazido o vírus pra cá.O que está chamando a atenção dos médicos e das autoridades de saúde é que a circulação do vírus começou mais cedo aqui. Em geral, os surtos ocorrem entre maio e julho, especialmente no Sul e Sudeste do Brasil, que são as regiões mais frias.
A maior parte dos casos aconteceu no interior paulista, na região de São José do Rio Preto. Lá, uma vacinação extra começou essa semana na população de risco: idosos, crianças pequenas, gestantes e pessoas que têm doenças crônicas. A vacina é a principal maneira de evitar a doença, mas existem outros cuidados.
"Então evitar aglomerados, lavar bem as mãos, lembrar que o vírus da influenza transmite-se basicamente de duas maneiras: através de secreção respiratória, ou seja, tosse e espirro, mas também por contato com objetos, então manter as mãos limpas é muito importante pra que se diminua o risco de contrair a gripe", disse Marco Aurélio Sáfadi, infectologista e pediatra do Hospital Sabará.
Cidade de São Paulo
Hospitais da rede privada de São Paulo estão registrando um número crescente de casos da gripe A (H1N1) em março. O índice, atípico para o período do ano, fez alguns centros médicos particulares temerem uma epidemia e anteciparem medidas de controle de fluxo de pacientes no atendimento de emergência.
O Hospital Samaritano, na Zona Oeste da cidade, contabiliza 134 casos confirmados da doença este ano, sendo 104 registrados neste mês – dos quais 19 foram graves (com internação). Os dados são baseados nos exames coletados no pronto-socorro e no laboratório externo. Em 2015, nenhum caso de H1N1 foi registrado durante o ano no hospital.
“Pelo aumento do número de casos dentro da instituição, tratamos como situação de alerta. Antecipamos o fluxo dedicado ao atendimento da patologia só quando tem uma incidência alta. Ano passado não precisamos fazer isso. Este ano foi necessário”, diz Bianca Grassi de Miranda, infectologista do Samaritano.
Já na rede de hospitais São Luiz foram computados 51 casos notificados e/ou confirmados de H1N1 entre os meses de janeiro a março de 2016, nas quatro unidades na cidade. No ano passado, no mesmo período, foram apenas 3.
Os casos confirmados no São Luiz são aqueles pacientes que fizeram o exame especifico para diagnosticar a gripe A. Como o procedimento não está dentro da cobertura dos planos de saúde, muitos pacientes optam por não pagar pelo serviço. O centro médico trata como notificados os casos de pacientes que são diagnosticados com a síndrome, mas que não quiseram pagar pelo exame.
O Hospital Albert Einstein, na Zona Sul da cidade, notou o crescimento de pacientes com influenza, mas diz que não há um registro específicos do número de pessoas infestadas pela gripe H1N1. O dado, apesar de genério, serve de alerta: de 3 de janeiro a 19 de março, o centro médico registrou um aumento de quase 150% em relação ao mesmo período de 2015. Foram 2.108 casos de influenza. O crescimento foi mais acentuado na última semana, de 13 a 19, quando foram registrados 628 casos, sendo 137 em 2015 – crescimento de 360%.
O Hospital Santa Catarina registrou 21 casos de H1N1 entre o início de janeiro até o dia 18 de março. No ano passado, a instituição registrou somente um caso, em dezembro. Entre as medidas adotadas pelo hospital para atender os casos estão uso de máscara em pacientes que apresentem os sintomas e reforço nas medidas de prevenção. O hospital informou ainda que reforçou o treinamento das equipes médicas e de enfermagem sobre o manejo clínico dos pacientes com suspeita de Influenza.
O H1N1 é um subtipo do vírus A, que causa doença respiratória aguda e altamente contagiosa que, em casos mais graves, pode levar a morte. Em 2009, a Organização Mundial da Saúde (OMS) chegou a emitir um alerta de pandemia, pela gravidade da situação. Só no Brasil, foram 50 mil casos e mais de duas mil pessoas morreram.
Situação de alerta
A infectologista do Samaritano revela que o hospital dispôs uma equipe direcionada ao atendimento de pacientes com sintoma da doença que chegam ao pronto-socorro. "Já temos um olhar diferenciado desde o início de março. Alertamos todo o corpo clínico e acompanhamos esses casos", explica Bianca.
O hospital registrou um óbito provocado por H1N1 em janeiro. A vítima, de acordo com a médica, tinha fator de risco, e havia se deslocado para o exterior.
O Hospital Nove de Julho, na região Central, contabilizou 12 casos, sendo 11 somente em março. O centro médico também oferece atendimento especializado aos pacientes com a síndrome gripal.
“Devido ao elevado número de casos nos últimos dias, pacientes que chegam ao hospital com os sintomas de gripe ou resfriado são levados para uma sala separada e recebem máscaras que devem ser utilizadas até o atendimento médico. Além disso, todo o corpo clínico foi comunicado sobre uma possível epidemia de H1N1 e está alerta para possíveis casos”, explica Regina Tranchesi, infectologista da instituição.
Para os especialistas, os dados são preocupantes porque a doença costuma contagiar um número maior de pessoas entre maio e julho, quando a temperatura é mais baixa. “Como houve um aumento considerável de casos confirmados no mês de março, nós consideramos, sim, que a situação pode caminhar para uma epidemia”, avalia Tranchesi.
Prefeitura registra 35 casos
A Secretaria Municipal de Saúde afirma que segue protocolo do Ministério da Saúde para notificação dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) causados por Influenza, independente do vírus.
Embora os números pessoas infestadas por H1N1 seja elevado, a notificação só é feita pelos serviços públicos e privados, com base no protocolo, em situações graves (que exigem internação), óbitos, e surtos – quando há registro de dois ou mais pacientes com sintomas similares de influenza com convivência no mesmo espaço e no mesmo período de tempo. Pode ser casa, escola ou trabalho.
Com base nesse critério, a cidade tem, atualmente, 35 casos e quatro óbitos provocados por H1N1. Em 2015, foram registrados 12 casos, e nenhum óbito.
A pasta não vê a estatística como alarmante, tendo em vista o tamanho do sistema de saúde público e privado oferecido na capital paulista. Entretanto, a secretaria afirma que conversa com o governo do Estado sobre a possibilidade de antecipar a campanha de vacinação 2016, programada para o dia 30 de abril.
A medida seria para evitar o agravamento de casos nos grupos de risco – crianças de 6 meses a menores de 5 anos, gestantes, puérperas, trabalhador de saúde, povos indígenas, indivíduos com 60 anos ou mais de idade, população privada de liberdade, funcionários do sistema prisional, pessoas portadoras de doenças crônicas não transmissíveis, pessoas portadoras de outras condições clínicas especiais (doença respiratória crônica, doença cardíaca crônica, doença renal crônica, doença hepática crônica, doença neurológica crônica, diabetes, imunossupressão, obesos, transplantados e portadores de trissomias).

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