segunda-feira, 21 de março de 2016

OMS apoia uso de Aedes transgênico e bactéria para combater vetor de zika

Mosquito Aedes aegypti é visto no laboratório Oxitec em Campinas (SP) (Foto: Paulo Whitaker/Reuters)Mosquito Aedes aegypti é visto no laboratório Oxitec em Campinas (SP) (Foto: Paulo Whitaker/Reuters)
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou, nesta sexta-feira (18), a implementação de projetos-piloto de duas estratégias ainda experimentais para acabar com o mosquito que transmite o vírus da zika: o uso de mosquitos geneticamente modificados e de mosquitos com um tipo de bactéria que impede a transmissão de doenças.
 
O vírus da zika, que está se espalhando pelas Américas, é transmitido principalmente pelo mosquito Aedes aegypti, que a agência de saúde da Organização das Nações Unidas (ONU) descreveu como uma "ameaça oportunista e tenaz".
Encontrar a maneira mais eficaz de controlar este mosquito seria um grande reforço na luta contra a doença, afirmou a OMS em um comunicado. No dia 1º de fevereiro, a OMS declarou o surto de microcefalia no Brasil e sua possível relação com o vírus da zika umaemergência de saúde pública mundial.
Depois de convocar uma reunião de seu Grupo de Aconselhamento de Controle de Vetores (VCAG, na sigla em inglês) na semana passada, a OMS disse que seus especialistas analisaram cinco ferramentas em potencial contra o Aedes.
Cinco estratégias avaliadas
Três – incluindo técnicas de esterilização de insetos, armadilhas de vetores e isca de açúcar tóxico para atrair e matar os mosquitos – ainda são experimentais demais para serem cogitadas em projetos-piloto de larga escala, disse a OMS.
Mas duas outras – soltar mosquitos com a bactéria Wolbachia e usar mosquitos machos geneticamente modificados, ou transgênicos, para suprimir a população de insetos – "justificam uma aplicação piloto de tempo determinado, acompanhadas de monitoramento e avaliação rigorosos".
Mosquitos transgênicos
Os mosquitos transgênicos desenvolvidos pela empresa Oxitec são geneticamente modificados para que seus filhotes morram antes de chegarem à fase adulta e se reproduzirem.
Mosquitos com WolbachiaNo Brasil, o inseto da Oxitec já recebeu aval da CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança), que considerou a tecnologia inofensiva, apesar de não avaliar sua eficácia. Mas, até o momento, os mosquitos transgênicos não têm registro na Anvisa, apenas aprovações para uso em projetos de pesquisa. Na semana passada, a agência de vigilância sanitária dos EUA (FDA) emitiu uma aprovação preliminar para que os mosquitos sejam liberados na Flórida em um teste de combate contra o Aedes aegypti.
A bactéria Wolbachia tem a capacidade de impedir os mosquitos de transmitir o vírus da dengue. No Brasil, a estratégia está sendo testada por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Fiocruz vai soltar Aedes aegypti com bactéria que impede que mosquito transmita dengue (Foto: Gutemberg Brito/Fiocruz/Divulgação)Fiocruz trabalha em Aedes aegypti com bactéria que impede que mosquito transmita dengue (Foto: Gutemberg Brito/Fiocruz/Divulgação)
Assim como o projeto da Oxitec, o da Fiocruz – chamado “Eliminar a Dengue: Desafio Brasil” – também tem caráter de estudo científico. Se inicialmente o projeto era focado na eliminação da dengue, estudos feitos em laboratório comprovaram que a bactéria Wolbachia é capaz de reduzir a transmissão do vírus da febre amarela, do chikungunya e também atua sobre o vírus zika.
O objetivo é substituir toda a população de mosquitos da região para reduzir os casos de infecção pelos vírus. A bactéria Wolbachia não traz nenhum risco às pessoas, segundo os pesquisadores

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