sexta-feira, 18 de julho de 2014

Morre o escritor João Ubaldo Ribeiro, aos 77 anos, no Rio de Janeiro


Imortal da Academia Brasileira de Letras, Ubaldo teve embolia pulmonar.
Escreveu livros como "A Casa dos Budas Ditosos" e "O Sorriso do Lagarto".

Sandra PassarinhoRio de Janeiro, RJ
Vai ser enterrado no sábado (19), no Rio de Janeiro, o corpo do escritor João Ubaldo Ribeiro. Ele teve uma embolia pulmonar e morreu, aos 77 anos, na  madrugada de sexta-feira (18).
A bandeira da Academia Brasileira de Letras foi hasteada a meio mastro. No velório, aberto ao público, parentes e amigos do escritor.
“Um grande acadêmico, um grande romancista, um grande jornalista. João Ubaldo vai deixar uma marca profunda na nossa história literária, na história do romance e na história da academia”, diz Geraldo Cavalcanti, presidente da Academia Brasileira de Letras.
João Ubaldo Ribeiro nasceu em Itaparica, na Bahia. Formado em Direito, nunca trabalhou como advogado. Ele tinha paixão pelo romance e pelas crônicas.
Aos 21 anos, escreveu o primeiro livro, "Setembro não tem sentido". Recebeu dois prêmios Jabuti com "Sargento Getúlio" e "Viva o Povo Brasileiro". Também ganhou o Prêmio Camões, em Portugal, a maior honraria da literatura em língua portuguesa.
“Eu acho uma perda irreparável porque ele, com 77 anos, ainda estava produzindo grandes livros, uma grande literatura”, lamenta a escritora Nélida Piñon.
“O Sorriso do Lagarto”, um dos seus maiores sucessos, virou minissérie, na TV Globo, em 1991.
No teatro, Fernanda Torres interpretou um monólogo adaptado do livro "A Casa dos Budas Ditosos”.
“De um calor humano, de um afeto impressionante. Assim ele mandava recado, mandava gravação com aquela voz dele. Um cara muito especial”, lembra a atriz Fernanda Torres.
No Leblon, na Zona Sul do Rio, ficava um bar que João Ubaldo Ribeiro frequentava todo fim de semana. Ele sentava sempre no mesmo lugar, ao lado da calçada. Chegava, às 11h da manhã e tinha a mesa cheia de amigos que paravam para ouvi-lo falar.
“Ele conseguia contar uma história cinco minutos sem ser interrompido. Ele era brilhante”, diz um amigo do escritor imortal.
O garçom diz que ele só bebia em um copo específico. “Quando a gente quebrava, tinha que comprar outro. Não tinha jeito”, diz o garçom José Pereira.
Na memória dos amigos também fica a homenagem que João Ubaldo recebeu no carnaval deste ano.
“Baiano arretado, Ubaldo Ribeiro, tem no coração o Rio de Janeiro. Escritor de mão cheia, cronista do bom. A festa é sua, João do Leblon”, entoa o samba.

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