sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

O BICHO PEGOU !

Porta blindada de cobertura de bicheiro levaria
dois dias para ser arrombada, diz polícia

Foram recolhidos documentos que seriam destruídos por contraventor

Carolina Farias, do R7 porta-blindada-300
Porta tem espessura de dez centímetros e levaria mais de dois dias para ser arrombada

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Se a Polícia Civil invadisse a casa do bicheiro Aniz Abraão David, o Anísio, presidente de honra da Beija-Flor de Nilópolis, Baixada Fluminense, na operação da última quinta-feira (15) pela porta da frente, levaria ao menos dois dias, segundo o corregedor da instituição, Gilson Emiliano. Os policiais usaram um helicóptero para descer na cobertura do contraventor, em Copacabana, na zona sul do Rio, porque o apartamento tem uma porta blindada na entrada, de cerca de dez centímetros de espessura.

- Se fossemos arrombar a porta, levaria ao menos dois dias. Com isso, todos os documentos que estavam no apartamento seriam destruídos. A casa estava cheia de trituradores de papel.

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A ação surpresa – policiais desceram de rapel na cobertura – ocorreu para que os documentos não fossem destruídos, segundo Emiliano. Policiais pegaram documentos que serão anexados ao processo.

Anísio é suspeito de atuar no jogo do bicho Baixada Fluminense, principalmente em Nilópolis, Mesquita e Queimados. Ele e outros contraventores - Hélio Ribeiro, presidente administrativo da Grande Rio e atua na área de Duque de Caxias; Iude Soares, que também é ligado à Grande Rio e age na mesma região; e Luizinho Drumond, suspeito de explorar o jogo na Leopoldina e zona portuária, tiveram a prisão decretada pela Justiça e são procurados pela polícia.

No total, 44 pessoas foram presas. A polícia apreendeu 39 computadores da escola de samba Beija-Flor de Nilópolis. A ação acontecia no Rio de Janeiro, Bahia, Maranhão e Pernambuco. Segundo a Polícia Civil, por volta das 18h20 de quinta, foram cumpridos 39 dos 60 mandados de prisão. Cinco pessoas foram presas em flagrante.

Ainda de acordo com a polícia, os computadores apreendidos serão analisados para verificar se há documentos que comprovem o envolvimento da escola de samba com o jogo do bicho.

Procurada pelo R7, a assessoria de imprensa da Beija-Flor informou que todos os computadores, inclusive do departamento de criação, foram apreendidos, mas que isso não irá atrapalhar o esquema do Carnaval, já que a escola tem cópia de todos os arquivos.

Prisões e apreensões

Entre os presos está o ex-prefeito da cidade de Teresópolis, Mário Trincano, apontado como chefe do jogo ilegal na região serrana. Também foram presos dois policiais militares e um guarda municipal da cidade de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Na noite de quinta-feira, o comissário da Polícia Civil Eduardo Murilo Dantas Sampaio, conhecido como Dudu, da Delegacia de Vilar dos Teles (64ª DP), se apresentou à polícia. Ele recebeu dinheiro para que a delegacia não fizesse operações de repressão ao jogo de bicho em São João de Meriti, na baixada, o que, segundo o MP, de fato aconteceu.

Além dos computadores, os agentes também apreenderam R$ 115 mil na Beija-Flor. A polícia apreendeu ainda aproximadamente R$ 517 mil, oito carros, entre eles um Cadillac, assim como documentos e joias.

Dedo de Deus

De acordo com o delegado Glaudiston Galeano Lessa, da Coinpol (Corregedoria Interna da Polícia Civil), as investigações da operação Dedo de Deus começaram há um ano a partir de denúncias de comerciantes que estariam sendo coagidos a manter pontos de apostas do jogo do bicho em seus estabelecimentos.

- De acordo com as denúncias, policiais estariam participando dessa coação. Os policiais envolvidos com a quadrilha também atuavam na liberação de material e pessoas durante operações policiais e com o vazamento de informações sobre ações de combate ao jogo. Durante operações, eles apresentavam apenas material que não comprometia os investigados e prendiam pessoas de pouca relevância na organização, liberando as pessoas realmente importantes.

O policial civil que teve a prisão decretada trabalhava na Delegacia de Vilar do Teles (64ª DP). Até o meio-dia ele não havia sido encontrado. Já o guarda municipal estava cedido e trabalhava na Delegacia de Duque de Caxias (59ª DP). Entre os chefes do jogo que tiveram a prisão decretada, apenas o ex-prefeito de Teresópolis foi preso.

O delegado Glaudiston também explicou que a quadrilha era dividida em seis células, que agiam nas regiões de Rio de Janeiro, São João de Meriti, Duque de Caxias, Petrópolis, Nilópolis e Teresópolis. O grupo movimentava dezenas de milhares de reais por mês.

- As pessoas que tiveram a prisão decretada pertencem ao primeiro escalão da organização e que também atuam como intermediários até os apontadores. São pessoas que agem na parte administrativa e logística da quadrilha, como responsáveis por centrais de apuração, pessoas que levavam e distribuíam materiais, entre outras atividades.

Todas as pessoas presas vão responder pelos crimes de corrupção ativa e corrupção passiva, formação de quadrilha e jogo de bicho.

O delegado Felipe do Vale, da Coinpol explicou que o ex-prefeito de Teresópolis mantinha o monopólio do jogo na região Serrana e que ele e Anísio, patrono da Beija-Flor de Nilópolis, mantinham até negócios em comum.

Assista aos vídeos:


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