Nossa galáxia abriga cerca de 75 bilhões de estrelas anãs vermelhas (menores e menos brilhantes do que o Sol) e, de acordo com estudo recente (a ser publicado no The Astrophysical Journal), em torno de 4,5 bilhões são orbitadas por planetas do tamanho aproximado da Terra – alguns dos quais podem estar “a um pulo” do nosso planeta, em escala espacial.
“Pensávamos que seria preciso procurar por vastas distâncias para encontrar planetas como a Terra. Agora percebemos que provavelmente há outra Terra em nosso quintal, esperando para ser encontrada”, destaca a pesquisadora Courtney Dressing, do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica. Dressing e sua equipe chegaram a essa conclusão depois de analisar dados coletados pelo telescópio espacial Kepler, da NASA, que desde seu lançamento (em março de 2009) já detectou 2.740 possíveis exoplanetas – destes, apenas 105 foram confirmados até agora, mas estima-se que a maioria seja real.
Pequenos sóis
Os pesquisadores focaram nas anãs vermelhas e descobriram que quase todas são menores e mais “frias” do que se imaginava e que, por consequência, os planetas que as orbitam também são menores. Essas informações mais precisas ajudam, ainda, a calcular a extensão da “zona habitável” (em que o planeta estaria a uma distância apropriada para ter água líquida em sua superfície) de cada estrela.
Dos 2.740 “candidatos” (chamados de KOI, “objetos de interesse de Kepler”, em inglês), a equipe determinou que 95 orbitam anãs vermelhas, dos quais três estão localizados na “zona habitável” de sua estrela. São eles:
- KOI 1422.02: com 90% do tamanho da Terra, esse possível exoplaneta circula sua estrela a cada 20 dias. Se tudo for confirmado, ele pode ser a primeira “Terra alienígena” descoberta;
- KOI 854.01: possui 1,7 vezes o tamanho da Terra e uma órbita que dura 56 dias;
- KOI 2626.01: possui 1,4 vezes o tamanho da Terra e uma órbita que dura 38 dias.
Os três candidatos ficam a uma distância de 300 a 600 anos luz da Terra e a temperatura da superfície de suas estrelas ficam entre 3.150 e 3.260°C (a do Sol é de aproximadamente 5.540°C). Pelos cálculos dos pesquisadores, contudo, deve haver um candidato a cerca de 13 anos-luz do nosso planeta, uma distância relativamente curta em termos astronômicos.
Mais antigas que a Terra
Como as anãs vermelhas “vivem” mais do que estrelas maiores, é possível que alguns dos planetas que orbitam suas “zonas habitáveis” tenham formas de vida mais antigas do que as primeiras a surgir na Terra. Outro aspecto importante das anãs vermelhas é que, quando “jovens”, elas frequentemente liberam ondas de raios ultravioletas, o que, segundo alguns cientistas, teria impedido o surgimento de vida mesmo em planetas que ficam em suas “zonas habitáveis”. Contudo, é possível que a atmosfera dos planetas os tenha protegido e que, além disso, condições adversas como essa possam ter ajudado a vida a evoluir. Entre os canditados, há cinco orbitando a estrela Tau Ceti, localizada a 11,9 anos-luz da Terra. Destes, dois podem estar nas “zona habitável” da estrela. Em suma, a ideia de que “o Universo é grande demais para só ter vida em um planeta” ganha mais força a cada dia.
Fonte: Hypescience.com
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