A mobilização dos caminhoneiros entrou no 11º dia com tensão nas estradas e um acidente grave, no Rio Grande do Sul. Um manifestante morreu depois de ser atropelado por um caminhoneiro que furou o bloqueio.
Por volta das 7h da manhã, um grupo de manifestantes tentou impedir que caminhoneiros seguissem viagem, na BR-158, em São Sepé, na região central do Rio Grande do Sul. Um motorista não obedeceu a ordem de parar.
Segundo testemunhas, o caminhão furou o bloqueio. Três manifestantes pegaram um carro e o perseguiram por mais de 10 quilômetros. Desceram do carro e tentaram impedir a passagem do caminhoneiro. Na confusão, o motorista atropelou um dos manifestantes e fugiu.
O manifestante Cléber Adriano Machado Ouriques, de 38 anos, morreu no local. “Eu queria que estudasse e ele disse: ‘pai eu não quero, eu quero um caminhão, que quero trabalhar com o senhor, eu gosto’. Eu disse meu filho vai estudar, queria que ele fosse outra pessoa. Não, pai, eu quero um caminhão”, afirma Lauro Ouriques, pai da vítima.
A demora da perícia revoltou parentes e amigos da vítima. Houve um princípio de tumulto depois que um agente da Polícia Rodoviária Federal chegou com uma arma. A perícia só chegou três horas depois do acidente.
À tarde, a mesma estrada ficou bloqueada por 20 minutos para uma homenagem à memória do caminhoneiro morto.
O motorista do caminhão que atingiu Cléber já foi identificado pela polícia: Anderson Luís dos Santos Bernardes. O caminhão dele foi encontrado a 50 quilômetros do local do atropelamento. “No nosso entendimento, houve um homicídio por dolo eventual, onde alguém assume risco de produzir o resultado que efetivamente se produziu”, afirma José Firmino Neto, delegado.
O incidente que acabou em morte, na BR-392, mostra uma divisão no movimento dos caminhoneiros. Enquanto alguns querem seguir viagem, outros fazem novos bloqueios e obrigam os caminhões a parar. O que muitas vezes acaba em confusão.
Em Santa Catarina, a Justiça determinou que um comboio de caminhões carregados com carne de porco e de frango fosse escoltado pela polícia, em um trajeto de 900 quilômetros entre São Miguel do Oeste e o Porto de Itajaí, no litoral. Mas um grupo parou o comboio no trevo de acesso à cidade de Chapecó.
Os caminhoneiros que seguiam viagem eram vaiados pelos colegas. A equipe do repórter Ricardo Von Dorf registrou a confusão.
Os caminhoneiros que seguiam viagem eram vaiados pelos colegas. A equipe do repórter Ricardo Von Dorf registrou a confusão.
Em um momento a situação ficou tensa, porque um dos caminhoneiros do comboio botou o caminhão em cima dos manifestantes. Eles ficaram chateados e bloquearam o caminhão seguinte do comboio. A polícia liberou de novo a pista e o comboio seguiu.
Em Mato Grosso do Sul, também houve bate-boca e confusão em trecho interditado na BR-163, em São Gabriel do Oeste. Manifestantes obrigaram caminhoneiros a fazer um desvio impedindo a passagem na rodovia.
No Paraná, agricultores aderiram à manifestação dos caminhoneiros e levaram tratores para a pista. Entre as reivindicações da categoria, a principal é a redução do preço do óleo diesel. Além da redução dos pedágios e reajuste no valor dos fretes.
O Governo Federal divulgou nota em que lamenta o uso de violência em manifestações com depredações de veículos e o que o governo chamou de coação de caminhoneiros que querem trabalhar. O governo anunciou que vai ampliar a presença de forças policiais nas estradas.
A secretaria-geral da Presidência da República declarou que se solidariza com parentes e amigos do caminhoneiro morto neste sábado (27). E que o Governo Federal reforça o compromisso e a disposição para o diálogo com a categoria.
Segundo o último balanço da Polícia Rodoviária Federal, seis estados ainda registram bloqueios em rodovias federais.
Segundo o último balanço da Polícia Rodoviária Federal, seis estados ainda registram bloqueios em rodovias federais.
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