quarta-feira, 16 de julho de 2014

Recomeçam as greves e os protestos

Greves e atos de protestos começarão a pipocar no país a partir de amanhã. Enquanto o Brasil festejava a Copa do Mundo 2104, várias categorias de servidores públicos articulavam formas de externar a insatisfação que não encontrou espaço para ser exposta durante o campeonato mundial de futebol. As reclamações incluem pautas históricas como reposição de perdas inflacionárias, recuperação de antigos direitos e melhores condições de trabalho. Os servidores do Judiciário no Distrito Federal farão uma paralisação de 24 horas amanhã (16) e não descartam a possibilidade de greve por tempo indeterminado, no dia seguinte.


Os rumos que a categoria vai tomar serão traçados em assembléia
 amanhã (16), às 15 horas, na Praça dos Tribunais Superiores.
 “Fomos preteridos em todos programas de valorização. Somos
 a única categoria sem recomposição de 2006 a 2012”, 
destacou Jailton Mangueira Assis, coordenador-geral do
 Sindicato dos Servidores da Justiça (Sindjus-DF). Nos cálculos
 do sindicato, a perda de poder aquisitivo ultrapassa 
os 40%, no período. Os trabalhadores cruzam os braços
 amanhã na intenção de pressionar os dirigentes dos tribunais
 superiores para que eles assumam a responsabilidade de 
convencer a presidente Dilma Rousseff e os parlamentares 
dos prejuízos que foram impostos à categoria.


“Dependemos do Executivo e do Legislativo para tudo. Desde
 2009, há dois projetos tramitando no Congresso (PLs 6.613
 e 6.697), detalhando os motivos da reposição para Judiciário 
e Ministério Público, que simplesmente não andam”, reclamou
 Assis. Sem a boa vontade política da equipe econômica e do 
Congresso, há o risco de os recursos para o pagamento dos
 salários - com as perdas inflacionárias - não serem incluídos 
no orçamento de 2015. A Lei de Diretrizes Orçamentárias 
(LDO) tem que ser analisada em agosto. “Nem pedimos 
reajuste. Só queremos reposição”, ressaltou.


Também amanhã aposentados e pensionistas do setor público
 e da iniciativa privada decidem a agenda de manifestações para 
que a PECs 555/2006 e o PL 4.434/2008 sejam aprovados
 antes das eleições de outubro. Os servidores públicos 
querem a extinção da contribuição previdenciária de
 aposentados e pensionistas prevista pela PEC 555. 
E mais de 32 milhões de trabalhadores da iniciativa privada
 lutam para corrigir as injustiças do Regime Geral de 
Previdência Social (RGPS) e a queda nos ganhos mensais -
 o PL 4.434/08 recupera os benefícios previdenciários com
 base
 no número de salários mínimos que recebiam no 
momento da concessão das aposentadorias.


Além de Brasília, a Frente Nacional em Defesa da PEC 555/2006
 e a Confederação dos Aposentados e Pensionistas do Brasil 
(Cobap), em conjunto com vários sindicatos, federações
 e confederações de trabalhadores, marcaram protestos em 
Belo Horizonte (MG), Natal (RN), Porto Alegre (RS), Recife (PE),
 Rio de Janeiro(RJ) e São Paulo(SP). As estratégias, as 
datas e os locais onde eles acontecerão serão definidas nesta
 reunião de 16 de julho. Eles agendaram, também, um esforço 
concentrado da Câmara dos Deputados, em 5 e 6 de agosto,
 para a aprovação dessas matérias.


Em 23 de julho, servidores da Controladoria-Geral da União
 (CGU) e do Tesouro Nacional fazem manifestação em frente
 à sede, no setor de Autarquias Sul. Segundo Rudinei Marques, 
presidente do Sindicato Nacional dos Analistas e Técnicos 
de Finanças e Controle (Unacon Sindical), o protesto é por 
melhores condições de trabalho. “O orçamento da CGU vem
 caindo a cada ano. Está impossível trabalhar. Até setembro,
 o órgão não terá mais dinheiro para pagar contas básicas como
 água, luz, condomínio. É um desperdício de mão de obra 
qualificada”, disse.


No entender de Rudinei, o governo do Partido do Trabalhadores 
(PT), que anunciou o combate à corrupção como principal 
ponto da campanha para reconduzir a presidente Dilma ao 
Palácio do Planalto, tem um discurso na teoria e outro na 
prática. “Como combater corrupção sem fiscalização? Sem
 uma atuação constante de um órgão que investiga, monitora 
e supervisiona as verbas públicas?”, questionou Marques. Ele
 destacou que, desde o início do ano, o presidente da CGU, 
Jorge Hage, já pediu verba suplementar de R$ 17 milhões 
e até agora não recebeu retorno do Ministério do Planejamento.

Os servidores da Cultura, segundo a Confederação Nacional 
dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef -
 que representa 80% do funcionalismo), suspenderam a 
greve antes da Copa, por determinação de liminar imposta 
pelo governo federal. Eles farão uma caravana a Brasília, 
em 13 de agosto, para discutir se mantêm ou não a suspensão 
da greve.

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