BRASÍLIA, 8 Ago (Reuters) - O ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos chamou nesta quarta-feira o suposto esquema que é julgado em ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF) de "marca de fantasia mensalão" e disse que os ministros têm em seu poder "uma bala de prata", que com um único ato podem condenar réus tão diversos.
Bastos, que falou de improviso durante quase toda apresentação no início da tarde, fez a defesa de José Roberto Salgado, ex-dirigente do Banco Rural, instituição financeira chamada na acusação do Ministério Público Federal de terceiro núcleo da suposta organização e "parceiro inseparável nas empreitadas criminosas".
Ele abriu o quinto dia de defesas orais no STF.
Bastos explicou mais tarde que usou o termo "bala de prata" para dizer que com apenas uma bala os ministros poderiam atingir réus com acusações distintas e desconexas.
O advogado apresentou uma questão de ordem no primeiro dia do julgamento pedindo que o processo fosse desmembrado, para que os réus sem foro privilegiado fossem julgados pela Justiça comum --apenas três deputados federais, dos 38 réus, têm direito a serem julgados no STF. No entanto, seu pedido foi rejeitado.
Nesta quarta-feira, voltou a tocar no tema. Afirmou acreditar que os ministros do Supremo irão "julgar com duplo cuidado, até porque não temos o duplo grau de jurisdição". Isto porque ao defender o desmembramento, alegou que os 35 réus sem foro privilegiado tinham direito a recorrerem a outras instâncias.
"A dificuldade deste processo é essa confederação de condutas, muitas coisas ligadas umas às outras, de forma que fica impossível que se faça uma caminhada para frente, uma caminhada racional e lógica."
Ao defender Salgado, ex-vice-presidente do banco, Bastos desqualificou a testemunha de acusação Carlos Godinho, a quem chamou de "falsário", uma "testemunha suplente, ressentida", alguém demitido pelo banco que "contou uma porção de histórias".
Ele afirmou que os contratos de empréstimos foram tomados antes de Salgado assumir o cargo. Continuação...
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