domingo, 12 de fevereiro de 2012

Parlamento grego aprova pacote de austeridade


Legisladores aceitam adotar restrições para receber empréstimo de 130 bilhões de euros; dia foi marcado por protestos no país.

Foto: ReutersAmpliar
Horas antes da votação, policiais enfrentaram manifestantes na Grécia (12/01)
Os legisladores da Grécia aprovaram, na madrugada desta segunda-feira (horário local), um pacote de medidas que impõe severas restrições ao país, para receber uma ajuda de credores internacionais no valor de 130 bilhões de euros (R$ 296 bilhões).
Com uma cômoda maioria de 200 votos a favor e 74 contra (de 300 deputados), a Grécia deu sinal verde para a ajuda, que será concedida por Comissão Europeia, Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI).
As medidas incluem o corte de empregos públicos, uma diminuição de 22% no salário mínimo, flexibilização de leis trabalhistas (para facilitar a demissão de trabalhadores) e um pacote de impostos e reformas previdenciárias.
Sem o dinheiro, o país correria novo risco de dar calote em credores – os gregos têm dívidas que passam de 330 bilhões de euros (R$ 750 bilhões) e precisam pagar 4,5 bilhões de euros (R$ 10,2 bilhões) em títulos que vencem no dia 20 de março. Se não honrar os compromissos, a Grécia pode acabar fora da Zona do Euro.
Em mensagem à nação transmitida pela televisão no último sábado, o primeiro-ministro do país, Lucas Papademos, afirmou que se as restrições não fossem aceitas haveria um "caos social" na Grécia. "O acordo garante o futuro de nosso país no euro", disse.
Os países europeus querem que a Grécia economize mais 325 milhões de euros este ano e insistem que os líderes gregos deem "fortes garantias políticas" da implementação dos pacotes. Nos últimos meses, aposentadorias foram cortadas e o governo anunciou a demissão de mais de 15 mil funcionários públicos. As demissões entram no contingente de 150 mil postos de trabalho que a Grécia deve reduzir no setor público até 2015, para agradar os credores.
Há receio de que uma eventual moratória prejudique a estabilidade financeira da Europa e leve até mesmo a uma desintegração da zona do euro.
Tumulto em Atenas
Manifestantes e polícia se enfrentam na praça Syntagma, em frente ao parlamento grego, em Atenas - Foto: Reuters
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Conflitos entre manifestantes e policiais ainda acontecem em partes da capital. A concentração de manifestantes na praça Syntagma, em Atenas, começou na manhã deste domingo, mas o clima ficou mais conflituoso ao longo do dia, conforme crescia a expectativa do fim da votação. Relatos dizem que cerca de 80 mil pessoas se juntaram às manifestações na capital grega, com outros 20 mil protestando em Tessalônica. Até o momento, houve mais de uma centena de feridos, aproximadamente 50 detidos e prédios queimados.
Policiais usaram gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral contra os manifestantes, que atiravam pedras e coquetéis Molotov. Os manifestantes tentaram atravessar um cordão formado por policiais da tropa de choque em volta do Parlamento. Diversos edifícios nas imediações da praça Syntagma, incluindo um banco, cafés e um cinema, acabaram incendiados. O primeiro-ministro, Lukas Papademos, fez um apelo à "calma" e disse que não permitirá o caos.
Pelo twitter, o iG conseguiu falar com manifestantes que estão na praça. "[O que estava acontecendo é o] uso massivo de gás lagrimogêneo aqui fora da Syntagma", disse o economista Yiannis Mouzakis. A usuária Mariana Faithful comentou que o que ocorre na praça não parece uma operação policial e sim de guerra. O usuário Giorgio Kassakos afirma que, apesar do gás, as pessoas permaneceriam na praça para esperar o resultado da votação.

* Redação com agências internacionais

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