Helinho da Grande Rio consegue liminar de habeas corpus
G1A Justiça do Rio de Janeiro concedeu, nesta quinta-feira, um habeas corpus em caráter de liminar a Hélio de Oliveira, o Helinho da Grande Rio, suspeito de envolvimento com o jogo do bicho. As informações são do Tribunal de Justiça do estado (TJ-RJ).
De acordo com o TJ-RJ, a decisão do desembargador Sidney Rosa, do plantão judiciário, garante a liberdade temporária ao presidente da escola de samba Grande Rio até que o mérito do habeas corpus seja julgado, o que deve acontecer após o recesso judiciário, a partir do dia 7 de janeiro.
De acordo com a assessoria do Tribunal de Justiça do Rio, o habeas corpus com pedido de liminar foi impetrado na última terça. O TJ-RJ explicou que o mérito do habeas corpus será julgado pelo desembargador Paulo Rangel, relator da 3ª Câmara Criminal, responsável pelo caso. Para a Justiça, Helinho não é mais considerado foragido.
Para o desembargador Sidney Rosa, o fundamento da prisão não aponta um só fato concreto a embasá-la. “Todas as questões ali trazidas são de cunho meritório, razão pela qual a prisão cautelar transmuda-se em verdadeira antecipação de pena”, afirmou em sua decisão. E completou: “Prender alguém por mérito é afronta ao Estado Democrático de Direito, que deve ser coibido com veemência pelo Poder Judiciário”.
Na terça, policiais apreenderam R$ 3.914.080,00 milhões na mansão de Helinho, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste. Desde a semana passada, quando a polícia deflagrou a operação “Dedo de Deus”, Helinho era procurado pela polícia. A polícia ainda tenta localizar Luizinho Drummond, da Imperatriz Leopoldinense, e Anísio Abrão David, da Beija-Flor, também suspeitos de contravenção.
Dinheiro escondido em teto e esgoto
De acordo com a Polícia Civil, os mais de R$ 3,9 milhões encontrados na casa de Helinho estavam escondidos atrás de uma geladeira, no forro do telhado, em compartimentos falsos na casa, no vaso sanitário e até no esgoto. Os agentes encontraram ainda uma réplica de um fuzil AK-47. O valor será depositado em uma conta do poder judiciário.
Os agentes foram apurar uma informação passada através do Disque-Denúncia de que Hélio de Oliveira, o Helinho da Grande Rio, estaria no local, num condomínio de luxo. A mansão está no nome de Adilson Oliveira, tio de Helinho. A polícia informou que o tio de Helinho passa, agora, a ser investigado pela polícia.
Entre os documentos recolhidos na casa do tio do presidente da Grande Rio estava uma planilha com anotações do jogo do bicho. Segundo a chefe da Polícia Civil, delegada Martha Rocha, somente no mês de setembro o grupo arrecadou mais de R$ 3 milhões em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
Semana passada
Na semana passada, a polícia prendeu 44 pessoas durante a operação "Dedo de Deus" realizada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público (MP-RJ). Os presos são suspeitos de envolvimento com o jogo do bicho no Rio e em outros três estados. De acordo com a Polícia Civil, dos 44 presos, 36 foram localizados no Rio de Janeiro, um na Bahia, outro no Maranhão e mais um em Pernambuco.
Entre os presos, há dois policiais militares e um guarda municipal de Duque de Caxias. Um policial civil ainda está foragido, segundo a polícia.
Investigações
A investigação começou em Teresópolis, na Região Metropolitana, após denúncias que davam conta de que comerciantes estavam sendo coagidos a implantar jogo do bicho nos seus estabelecimentos legalizados.
Segundo as denúncias, policiais civis atuavam na coação desses comerciantes, além de passar informações para os contraventores sobre operações policiais.
A Polícia Civil informou também que os contraventores alteravam o resultado das apostas. Quando a quadrilha sabia que muitos apostadores jogariam em um único número fazia com que esse número não fosse sorteado, segundo a polícia.
60 mandados de prisão
De acordo com a polícia, a corregedoria investigou uma quadrilha de contraventores que atuava em grupos em diversas cidades. Entre os 60 mandados de prisão, Martha Rocha afirma que cinco contraventores são considerados mandantes de pontos do bicho em Teresópolis e Petrópolis, Rio, São João de Meriti, Duque de Caxias e Nilópolis, na Baixada.
Segundo o delegado Felipe Vale, da Corregedoria da Polícia Civil, empresas de outros estados foram interditadas por prestar serviços ao jogo do bicho.
“O Rio era a célula da organização. Mas em outros estados funcionavam empresas que forneciam aparato técnico. Na Bahia, uma empresa fornecia máquinas de cartão de crédito adaptadas para o bicho. Os funcionários dessa empresa eram convidados para o camarote da Grande Rio, no carnaval carioca, por exemplo. Em Pernambuco funcionava uma gráfica que vendia talonário para o jogo do bicho”, explicou Vale, acrescentando que o envolvimento de contraventores com o carnaval acarreta na investigação de escolas de samba, como a Beija-Flor e Grande Rio.
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