quarta-feira, 20 de junho de 2018

Lava, cinza e fumaça: erupção de vulcões pode criar tragédia global


Kilauea entrou em erupção no início de maio de 2018




Kilauea entrou em erupção no início de maio de 2018

Reuters/Terray Sylvester/18.5.2018










Vulcões são um dos fenômenos naturais mais fatais do mundo e não é preciso estar próximo de um para sentir os impactos que uma erupção pode causar. Para além da força das explosões, do fogo provocado pela lava, há ainda a liberação de gases tóxicos e o lançamento de cinzas a quilômetros de distância e altura — o que chega a impactar o clima global.
"Explosões vulcânicas, mesmo de um vulcão só, podem causar mudanças climáticas. Podem fazer a temperatura da Terra baixar 1°C ou 2°C", afirmou Rosaly Lopes, gerente de Ciência Planetária da Nasa.

O impacto é severo e as mortes podem ser contadas aos milhões, uma vez que mudanças dramáticas no clima provocam catástrofes naturais e fome. Questionada se os seres humanos sobreviveriam a isso, Rosaly lembrou de um dos episódios mais dramáticos já provocados pela erupção de um vulcão: "Já sobrevivemos. Quando o Tambora (Indonésia) teve a erupção de 1815 a temperatura média abaixou por volta de 1 grau." 
No ano seguinte, conhecido como "o ano sem inverno", milhões morreram no Hemisfério Norte em função do frio extremo e da fome.
Impacto local e global
Mas o que aconteceria se todos os vulcões do mundo entrassem em erupção ao mesmo tempo?
Apesar de ser um acontecimento impossível, de acordo com a especialista da Nasa, isso desencadearia um desequilíbrio climático extremo, fazendo com que a temperatura da média da Terra mudasse.
Ainda assim, os impactos são mais localizados. O biólogo André Costa lembra que as erupções atingem o entorno de onde o vulcão se encontra. "Daria problemas mais regionais. O Kilauea, por exemplo, hoje causa problemas no Havaí, o Krakatoa daria problema na Indonésia... É um negócio mais pontual, mas seria um problema gigantesco".
André é um apaixonado pelo tema e, em 2017, realizou uma expedição ao vulcão Nyiragongo — um dos vulcões mais ativos na África — localizado nas Montanhas Virunga, a 20 quilômetros da cidade de Goma e a 11 quilômetros a oeste da fronteira República Democrática do Congo.
André na cratera do Nyiragongo, na África

André na cratera do Nyiragongo, na África

Reprodução/Arquivo pessoal
A última erupção do Nyiragongo aconteceu em 2012 e destruiu boa parte da periferia da cidade de Goma. André conta que, ainda hoje, é possível sentir o ar do local "carregado de poeira".
"A cidade de Goma é basicamente cinza, porque muitas paredes foram construídas com as rochas magmáticas do vulcão", comentou André Costa.
Na ficção, vulcões causam catástrofes ainda maiores. A superprodução da RecordTV, Apocalipse, mostra nesta quarta-feira (20) a Terra sendo atingida por erupções simultâneas que destroem grande parte do planeta.
Vulcões ativos
Segundo Rosaly Lopes, existem muitos vulcões ativos no mundo e todos os meses pelo menos 20 ou 30 entram em erupção, como por exemplo o Kilauea e o Stromboli, na Itália, que está em atividade desde os tempos do Império Romano.
Os vulcões mais perigosos do mundo são os conhecidos como "explosivos" e podem causar mudanças de clima e erupções catastróficas, como o Taupo, na Nova Zelândia, o Yellowstone, nos EUA e o Vulcão de Fogo, na Guatemala, que entrou em erupção no início de junho e já deixou milhares de mortos.
"Impossivel dizer qual seria o mais perigoso, porque vulcões não tem sempre os mesmos tipos de erupções. Por exemplo, se o Yellowstone entrar em erução de novo, não sabemos se a erupção vai ser enorme ou mais fraca", explica Rosaly.
Já o biólogo André Costa acredita que, por conta do nível de atividade e da proximidade com as pessoas, atualmente, o vulcão mais perigoso é o Kilauea, que no último mês aumentou sensivelmente sua atividade, tirando milhares de casa no Havaí.
Com a tecnologia, os vulcões são constatemente monitorados, mas ainda não é possível prever com precisão quando um deles entrará em erupção. "Temos muitas maneiras agora de saber os perigos de vulcões diferentes, e fazer monitoriamento, mas não podemos dizer com certeza se vai haver uma grande explosão", afirma a especialista da Nasa.
*Estagiária do R7 sob supervisão de Cristina Charão.


https://noticias.r7.com/internacional/lava-cinza-e-fumaca-erupcao-de-vulcoes-pode-criar-tragedia-global-20062018

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