segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Os oito homens mais ricos do mundo possuem tanta riqueza quanto as 
3,6 bilhões de pessoas que compõem a metade mais pobre do planeta, 
segundo a ONG britânica Oxfam.
A organização de assistência social afirmou que a comparação, 
questionada por críticos, é resultado de uma coleta mais precisa de 
dados, e que o fosso entre ricos e pobres se revelou "bem maior do
 que temia".
 Da esquerda para a direita, o clube dos homens mais ricos do mundo: Bill Gates, Amancio Ortega, Warren Buffett, Carlos Slim, Jeff Bezos, Mark Zuckerberg, Larry Ellison e Michael Bloomberg  (Foto: Wikimedia Commons) Da esquerda para a direita, o clube dos homens mais ricos do mundo: Bill Gates, Amancio Ortega, Warren Buffett, Carlos Slim, Jeff Bezos, Mark Zuckerberg, Larry Ellison e Michael Bloomberg  (Foto: Wikimedia Commons)
Da esquerda para a direita, o clube dos homens mais ricos do mundo: Bill Gates, Amancio Ortega, Warren Buffett, Carlos Slim, Jeff Bezos, Mark Zuckerberg, Larry Ellison e Michael Bloomberg (Foto: Wikimedia Commons)
A divulgação do relatório da ONG coincide com o início do Fórum
 Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.
Mark Littlewood, do centro de estudos londrino Institute of Economic
 Affairs, disse que a Oxfam deveria se concentrar em sugestões para 
elevar o crescimento.
"Como uma organização 'antipobreza', a Oxfam parece estranhamente preocupada com os ricos", afirmou o diretor-geral do centro de estudos, 
conhecido pela defesa da economia de mercado.
Direito de imagem Getty Images Image caption Grandes iates são peças
 de consumo recorrentes entre bilionários do planeta
Ben Southwood, chefe de pesquisa do Adam Smith Institute, outro centro
 de estudos de tendência conservadora, disse que não é o poder aquisitivo
 dos ricos que importa, mas o bem-estar dos pobres, que estaria
 aumentando a cada ano.
"Todo ano somos induzidos a erro pelas estatísticas de riqueza da
 Oxfam. Os dados são ok - vêm do (banco) Credit Suisse - mas a
 interpretação não é", afirmou.

'Encontro de elite'

O evento anual em Davos, um resort de esqui na Suíça, atrai muitos
 líderes políticos e empresários globais.
Katy Wright, chefe de assuntos globais da Oxfam, afirmou que o relatório
 ajuda a organização a "desafiar as elites econômicas e políticas".
"Não nos iludimos e sabemos que Davos nada mais é do que um 
mercado de palestras para a elite mundial, mas tentamos usar 
esse foco", acrescentou.
Os oito bilionários mais ricos do mundo
1. Bill Gates (EUA): cofundador da Microsoft - US$ 75 bilhões
2. Amancio Ortega (Espanha): fundador da Inditex, da Zara -
 US$ 67 bilhões
3. Warren Buffett (EIA): maior acionista da Berkshire Hathaway - 
US$ 60,8 bilhões
4. Carlos Slim Helu (México): dono do Grupo Carso - US$ 50 bilhões
5. Jeff Bezos (EUA): fundador e principal executivo da Amazon - 
US$ 45,2 bilhões
6. Mark Zuckerberg (EUA): cofundador e principal executivo do 
Facebook - US$ 44,6 bilhões
7. Larry Ellison (EUA): cofundador e principal executivo da Oracle -
 US$ 43,6 bilhões
8. Michael Bloomberg (EUA): cofundador da Bloomberg LP -
 US$ 40 bilhões
O economista britânico Gerard Lyons afirmou que o foco na riqueza 
extrema "nem sempre mostra toda a situação" e que deveriam
 haver esforços para "garantir que o bolo econômico esteja crescendo".
Contudo, ele disse considerar que a Oxfam está certa ao destacar 
companhias que podem estar alimentando a desigualdade com 
modelos de negócio "focados em gerar lucros cada vez maiores para
 donos ricos e executivos de ponta".
Wright, da Oxfam, afirmou que a desigualdade econômica está dando 
combustível para uma polarização na política, citando como exemplos
a eleição de Donald Trump nos EUA e a saída do Reino Unido da
 União Europeia.

'Fatia justa'

"As pessoas estão insatisfeitas e cobrando alternativas. Sentem-se 
deixadas para trás porque não trabalham duro e não conseguem 
aproveitar o crescimento do país", disse a diretora da ONG.
A Oxfam defende uma "economia mais humana", e pressiona 
governos a combater a evasão fiscal e os lucros excessivos de 
executivos, com maior taxação da riqueza.
Também reivindica que líderes empresariais paguem "uma fatia justa 
de impostos" e ofereçam a seus funcionários quantias superiores aos 
salários mínimos dos países.
A ONG britânica produziu relatórios semelhantes nos últimos quatro
 anos. Em 2016, calculou que as 62 pessoas mais ricas do mundo 
detinham tanta riqueza quanto a metade mais pobre da população 
da Terra.
O número caiu para apenas oito neste ano porque há dados mais 
precisos, afirmou a Oxfam.
E ainda vale a afirmação, segundo a organização, de que a riqueza 
acumulada pelo 1% mais abastado da população mundial equivale
 à riqueza dos 99% restantes.
Alguns dos bilionários da lista já doaram boa parte de suas fortunas.
 Em 2000, Bill Gates e sua mulher, Melinda, criaram uma fundação
 privada que já distribuiu mais de US$ 44 bilhões.
Em 2015, Mark Zuckerberg e sua mulher, Priscilla Chan, prometeram 
doar 99% de sua riqueza ao longo de suas vidas, o que equivalia
 à época a US$ 45 bilhões.
É preciso ter renda e ativos estimados em US$ 71,6 mil
 (cerca de R$ 229 mil) para alcançar os 10% mais ricos do mundo,
 e US$ 744,3 mil (cerca de R$ 2,3 milhões) para figurar entre o 1% 
mais abastado.
O relatório da Oxfam é baseado em dados da revista de negócios
 Forbes e em um relatório do banco Credit Suisse sobre distribuição 
da riqueza global desde o ano 2000.
A pesquisa usa o valor dos ativos, principalmente bens e terras, menos
 dívidas, para determinar as "posses" das pessoas em questão. Os dados excluem salários e rendimentos.
A metodologia foi criticada por considerar, por exemplo, que um
 estudante com muitas dívidas mas grande potencial de ganhos no 
futuro seja pobre.

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