quarta-feira, 1 de junho de 2016

PF anexa à ação recibo de depósito de R$ 350 mil da OAS para paróquia

Recibo foi protocolado no processo eletrônico da Justiça Federal (Foto: Reprodução)Recibo foi protocolado no processo eletrônico da Justiça Federal (Foto: Reprodução)
O recibo do depósito de R$ 350 mil da construtora OAS, investigada na Lava Jato, para uma paróquia no Distrito Federal foi anexado pela Polícia Federal (PF) no processo eletrônico da Justiça Federal relacionado à 28ª fase da Operação Lava Jato, que prendeu o ex-senador pelo PTB Gim Argello.
O Ministério Público Federal (MPF) investiga pagamentos da empreiteira a uma igreja na cidade de Taguatinga (DF), reduto eleitoral do ex-senador.
O anexo foi protocolado na sexta-feira (27). Batizada de "Vitória de Pirro", a 28ª etapa da Lava Jato investiga a cobrança de propinas para evitar convocação de empreiteiros em comissões parlamentares de inquérito sobre a Petrobras. Gim era membro da CPI no Senado e vice-presidente da CPMI, da Câmara e do Senado.
'Projeto alcoólico'
Mensagens trocadas entre executivos da empreiteira OAS, que basearam as investigações da Operação Lava Jato sobre o ex-senador Gim Argello, mostram apelidos e códigos que eram usados para tratar da propina ao político.
As conversas são de Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, com Dilson Paiva, diretor administrativo da empreiteira e Roberto Zardi, diretor de relações institucionais. Paiva e Zardi foram conduzidos para depor na deflagração da 28ª fase da operação.
Em uma das mensagens enviada a Dilson Paiva, Léo Pinheiro diz que precisa atender uma doação de R$ 350 mil para a Paróquia São Pedro. Ele especifica que a mensagem faz parte do "projeto alcoólico", uma referência a Gim Argello, segundo os investigadores.
Nesta mensagem, Léo Pinheiro pedia o depósito na conta bancária de uma paróquia do Distrito Federal, apontando como centro de custo a “Obra da Renest” (referência à RNEST, refinaria da Petrobras). A mensagem foi enviada no dia 14 de maio de 2015, data da instalação da CPI da Petrobras no Senado.
À época, em nota, a OAS afirmou que "estão sendo prestados todos os esclarecimentos"  e que a empresa está "à disposição" das investigações.
"A OAS informa que estão sendo prestados todos os esclarecimentos solicitados e dado acesso às informações e documentos requeridos pela Polícia Federal, em sua sede em São Paulo, na manhã desta terça-feira. A empresa reforça que está à inteira disposição das autoridades e vai continuar colaborando no que for necessário para as investigações", diz a nota.
Já advogado Marcelo Bessa, que defende Gim Argello, havia informado que se manifesta apenas nos autos do processso.
A defesa do padre da Paróquia São Pedro informou ao G1 nesta quarta-feira (1º) que não se surpreende com a apreensão do recibo e que já havia encaminhado cópia para a PF. Ainda de acordo com a igreja, o documento não indica nenhuma ilegalidade por parte da paróquia e apenas serve como comprovação da doação feita pela construtora.
As suspeitas
O ex-senador é réu em ação penal originada a partir da Lava Jato e responde à Justiça pelos crimes de corrupção passiva, concussão, lavagem de capitais, organização criminosa e obstrução à investigação. Gim Argello foi preso no dia 12 de abril pela Polícia Federal.
O nome do ex-senador apareceu nas delações do senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS), que está em prisão domiciliar, e do dono da UTC, Ricardo Pessoa. O ex-senador está detido no Complexo Médico-Penal, na Região Metropolitana de Curitiba.
O Ministério Público Federal (MPF) denunciou o ex-senador na sexta-feira (6). Para os procuradores, há evidências de que o ex-senador pediu R$ 5 milhões em propina para a empreiteira UTC Engenharia e R$ 350 mil para a OAS.
Em troca, ele barraria a convocação de executivos das empreiteiras para a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), no Congresso Nacional, que investigou o esquema de corrupção na Petrobras - as duas empresas são investigadas na Lava Jato.
Os recursos, ainda conforme divulgado pelo MPF, foram enviados a partidos indicados por Gim – DEM, PR, PMN e PRTB – na forma de doações de campanha.
Ainda conforme os procuradores, as investigações apontaram acerto de vantagem indevida realizado por, pelo menos, quatro empreiteiras: UTC Engenharia, OAS, Toyo Setal e Odebrecht.
Segundo o MPF, o ex-senador solicitou propina para as empresas Andrade Gutierrez, Engevix e Camargo Corrêa. Essas, afirmam os procuradores, não aceitaram.
Quanto à Odebrecht, a denúncia indica pagamento de R$ 200 mil para que diretores não precisassem comparecer à CPMI. Até antes da denúncia, o nome da Odebrecht não figurava entre os investigados no caso.

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