sexta-feira, 13 de março de 2015

Médicos sul-africanos afirmam ter feito primeiro transplante de pênis bem-sucedido

Stellenbosch University
Cirurgia exigiu longa preparação e foi realizada em nove horas
Uma equipe de cirurgiões da África do Sul divulgou ter feito o primeiro transplante bem-sucedido de pênis.
A identidade do paciente, de 21 anos, está sendo mantida em segredo. Ele havia perdido o órgão em uma circuncisão mal feita.
Médicos da Cidade do Cabo, capital do país, disseram ter havido um grande debate sobre se a operação era eticamente correta, já que, ao contrário de um transplante de coração, não é essencial para salvar a vida de uma pessoa.
Houve tentativas anteriores de transplantar um pênis, uma delas na China. Mas, segundo relatos, apesar de as operações terem corrido bem, o órgão acabo sendo rejeitado pelo organismo do receptor.

Alta demanda

O paciente deste transplante mais recente tinha 18 anos e já era sexualmente ativo quando se submeteu à circuncisão.
Com o procedimento mal feito, ele ficou com apenas 1 centímetro de seu pênis original.
Médicos dizem que a demanda por transplantes de pênis na África do Sul está entre as maiores do mundo.
A circuncisão é comum em partes da África do Sul entre homens, na idade de transição entre a adolescência e a fase adulta.
Dezenas ou até mesmo centenas de meninos acabam sendo mutilados ou morrem a cada ano em cerimônias de iniciação tradicionais.
AFP
Circuncisões são comuns em rituais de iniciação na África do Sul

Dificuldade

Cirurgiões da Universidade Stellenbosch e do hospital Tygerberg estavam à frente da operação de nove horas para implantar do pênis doado, realizada em 11 de dezembro do ano passado.
Um dos médicos, Andre Van der Merwe, que normalmente realiza transplantes de rins, diz que esta operação é muito mais difícil, porque "os vasos sanguíneos do pênis têm cerca de 1,5mm de largura, enquanto, no rim, podem ter 1 centímetro."
A equipe usou algumas técnicas desenvolvidas para transplantes de rostos para conectar vasos e nervos tão pequenos.
Passados três meses da operação, o paciente vem se recuperando rapidamente, segundo os médicos.
Ele ainda não recobrou a sensibilidade total do órgão, algo que pode levar dois anos.
No entanto, conseguiu urinar, ter uma ereção, um orgasmo e ejacular.

Questão ética

O transplante exigiu uma longa preparação, além de garantias de que o paciente estava ciente dos riscos de ter de usar medicamentos por toda a vida para evitar a rejeição do pênis doado.
Ainda existe o receio de que o receptor tenha problemas em aceitar o novo órgão como parte de seu corpo.
"Psicologicamente, sabíamos que teria um enorme efeito sobre seu ego", disse Van der Merwe, que acrescenta que demorou bastante tempo para conseguir uma aprovação sob o ponto de vista ético para a cirurgia, que deve ser feita em outros pacientes daqui a três meses.
Uma das preocupações neste aspecto é que os riscos de um transplante de coração têm como contraponto o risco de morte do paciente com uma condição cardíaca. Já o transplante de pênis não prolongaria a vida do receptor.
"Pode não ser algo para salvar a vida de alguém, mas muitos destes jovens que tiveram seu pênis amputados acabam estigmatizados e se suicidam", afirma Van der Merwe.
"Se você não tem um pênis, você está praticamente morto. Se você devolve o pênis a ele, pode trazê-los de volta à vida."

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