sexta-feira, 20 de março de 2015

Creche para cães tem câmera via web e piscina coberta; veja perfil do cliente

Para garantir o bem-estar do animal de estimação, moradores de São Paulo chegam a pagar até R$ 730 de mensalidade para deixar os cães em creches especializadas. Casais sem filhos e pessoas solteiras que moram em apartamento e passam a maior parte do dia fora de casa são a maioria dos clientes que buscam o serviço, também conhecido como "day care".
Tudo pode ser acompanhado pelos donos pela internet por câmeras instaladas na maior parte dos ambientes. A frequência com que o cão vai para creche é uma escolha do dono. Alguns preferem intercalar os dias e fechar um pacote.O pacote inclui atividades recreativas e fisioterapia em piscinas externas e cobertas, brincadeiras ao ar livre, aulas de adestramento, refeição natural – sem ração, somente vegetais e carne fresca –, e banho a seco diário.
Uma vez por semana, por exemplo, o valor médio é de R$ 242, segundo pesquisa feita pelo G1 em empresas na capital. Para cinco vezes por semana, o preço chega a R$ 730.
“Eles têm o cão como praticamente parte da família. Mesmo com períodos de crise, dificilmente a gente perde o cliente. Não é visto como um gasto supérfluo, é essencial”, disse Karine Yuki Yoshimori, sócia-proprietária de uma creche para cães na Zona Sul de São Paulo. O espaço de 800 metros quadrados recebe, em média, 70 animais por dia.
Cães se divertem em brincadeiras na água durante permanência em uma creche para cachorros em São Paulo (Foto: Fábio Tito/G1)Cães se divertem em brincadeiras na água em creche para cachorros em São Paulo (Foto: Fábio Tito/G1)
O cirurgião dentista Fernando Reis afirma que ter colocado a cadela dele na creche foi o melhor investimento que já fez. “Gera menos estresse para a gente, a gente trabalha sem preocupação. É uma preocupação igual a de um filho”, afirmou. Solteiro e sem filhos, ele buscou o espaço para que a cadela socializasse com outros animais, já que ela foi achada na rua.
A vendedora Dorian Guidio mora em um apartamento com uma Golden Retriver e um Labrador, que precisam de espaço para gastar energia.  Por isso, decidiu colocá-los no day care de segunda a sexta-feira. “Aqui eles gastam energia. É como se eles passassem o dia todo na academia. Digamos que eu gasto mais com eles do que comigo, mas eu acho super válido”.
Na creche canina, alguns cachorros têm a alimentação balanceada. Dezenas de cachorros participam de atividades durante permanência na creche de cachorros DogResort, em São Paulo (Foto: Fábio Tito/G1)Na creche canina em SP, alguns cachorros têm
comida balanceada e natural (Foto: Fábio Tito/G1)
Creche versus hotel
Diferente de hotéis para cães, quando os animais passam alguns dias hospedados enquanto os donos estão fora de casa, a creche segue uma rotina diária, como a dinâmica de uma escola.
Há horário fixo de entrada e saída, e a programação é dividida entre atividades de condicionamento físico, brincadeiras, refeições e descanso, acompanhadas de monitores e treinadores.
Os cães ficam todos juntos e por isso é preciso passar por uma série de requisitos para poder ser aceito no espaço. Além de uma avaliação do comportamento do animal, a vacinação precisa estar em dia, os machos precisam ser castrados e as fêmeas não podem frequentar o day care no período do cio. Antes de irem para casa, eles são limpos com produtos a seco.
Nicho de mercado
Acertar no ponto é o primeiro passo para garantir o movimento na creche, segundo o sócio-proprietário de um espaço para day care, Luiz Felipe Silveira. Ele e o sócio decidiram abrir o próprio negócio há dois anos na Vila Mariana. “Eu percebi que na região não tinha nada desse tipo, mas muitos prédios e cães”, explicou.
Em uma casa de 400 metros quadrados alugada, eles atendem em média 35 cães por dia. “Nossa atividade principalmente é o day care, cerca de 90% do faturamento bruto, e a maior adesão é para os pacotes de cinco vezes por semana”, afirmou Silveira
Sem ligar para a brincadeira com bola e a correria ao redor, Erasmo rói seu osso no chão (Foto: Fábio Tito/G1)Sem ligar para a brincadeira com bola, o Beagle
Erasmo rói seu osso no chão (Foto: Fábio Tito/G1)
Dona de uma creche instalada em Perdizes desde 2012, a empresária Cláudia Cavalcanti também aproveitou uma região da cidade que não oferecia o serviço.
“São muitos prédios, com gente com muito cachorro. Concebemos o espaço pensando noday care, que representa 40% do nosso faturamento”. Para fidelizar o cliente, ela montou no mesmo imóvel um pet shop, hotel para cães, banho e tosa e clínica veterinária.
Gasto médio
Não há dados nacionais sobre esse tipo de serviço, mas segundo o Instituto Pet Brasil, o gasto com cães pode chegar, mensalmente, a cerca de R$ 315 para os donos de raças de grande porte – valor que inclui ração, vacinas, banho, tosa, controle de pulgas, entre outros cuidados. Já as raças pequenas não exigem mais de R$ 133 por mês.
A entidade, no entanto, afirmou que o número de pessoas interessadas no day care tem aumentado. A procura está relacionada, principalmente, à falta de espaço para deixar os animais e de tempo dos donos para levá-los para passear, segundo o vice-presidente da unidade de comércio e serviços do instituto, Nelo Marraccini. “O gasto com animais de estimação já está inserido no orçamento familiar”, afirmou.
Para abrir uma creche para cães, é necessário ter alvará da prefeitura. Em São Paulo, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, este tipo de estabelecimento precisa de cadastro na vigilância sanitária.
Veja o perfil de quem busca o serviço:
A engenheira Érica Moreira deixa seu cão na creche todos os dias (Foto: Fábio Tito/G1)
Érica Moreira, engenheira, casada, sem filhos, dona do West Terrier Ozzy 
“Depois que ele vem pra creche, ele fica mais tranquilo em casa e mais feliz. (...) Se ele está tranquilo, a gente fica tranquilo também. É como um filho”, explicou. Ozzy frequenta a creche de segunda a sexta-feira.
A advogada Maria José Mayer deixa as duas cadelas na creche na Zona Sul de São Paulo (Foto: Fábio Tito/G1)
Maria José Mayer, advogada, casada, tem filhos adultos, dona de 2 Border Collie
“Dois Border Collie em um apartamento não dá certo. Elas precisam gastar energia. Eu gosto de vê-las felizes, e elas ficam felizes. Isso é muito bom pra mim e para o meu marido”, contou. As cadelas frequentam a creche três dias na semana. "É muito parecido com criança. Tem que ter disciplina, alimentação correta", completou.
O cirurgião dentista Fernando Reis deixa sua cadela na creche três vezes por semana (Foto: Fábio Tito/G1)
Fernando Reis, cirurgia dentista, solteiro, sem filhos, dono de uma vira-lata
“Gera menos estresse para a gente, a gente trabalha sem preocupação. Eu falo para todos os meus amigos investirem na creche. É uma preocupação igual a de um filho”. A cadela frequenta a creche três dias na semana. “Foi um dos melhores investimentos que eu já fiz", afirmou o cirurgião dentista.
O analista de negócios José Eduardo Cantarino deixa sua cadela na creche em São Paulo (Foto: Fábio Tito/G1)
José Eduardo Cantarino, analista de negócios, casado, sem filhos, dono da Pipa
"A Pipa tem muita energia, então aqui ela cansa, consegue gastar muita energia e tem a interação com os outros cães. Isso faz com que ela seja mais sociável em casa com outros cães. Ela teve uma mudança muito grande no comportamento depois que ela começou a frequentar a creche". A cadela da raça Basset vai à creche três vezes na semana.
A vendedora Dória Ambidil deixa os dois cães na creche na Zona Sul de São Paulo (Foto: Fábio Tito/G1)
Dorian Guidio, vendedora, solteira, sem filhos, dona de uma Golden e um Labrador 
“Aqui eles gastam energia. É como se eles passassem o dia todo na academia. Digamos que eu gasto mais com eles do que comigo, mas eu acho super válido”, afirmou. Os cães vão de segunda a sexta-feira na creche.

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