Rio -  Sete meses depois de iniciar tratamento contra um câncer na laringe, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez ontem, no Rio, seu primeiro discurso oficial. Ainda rouco, Lula, que chegou amparado por uma bengala, precisou parar algumas vezes para beber água, mas falou durante 20 minutos ininterruptos como convidado de honra do seminário “Investindo na África: oportunidades, desafios e instrumentos para cooperaçãoeconômica”, organizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Foto: EFE
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“Faz sete meses que não falo, espero que não tenha desaprendido. Meu discurso não é longo”, brincou no início.

O ex-presidente criticou as medidas de austeridade que os países desenvolvidos têm adotado para combater à crise econômica, mas elogiou a postura dos países africanos diante dela. “Ela (a crise) afeta a todos. Eles pedem austeridade aos povos, aos trabalhadores e aos governos mais frágeis economicamente, mas, ao mesmo tempo, aprovam recursos justamente para os setores responsáveis pela ciranda especulativa que gerou a crise de 2008”, disse, para lembrar, depois, que o Brasil tem dívida histórica com a África: “Só estamos onde estamos devido ao suor derramado por africanos durante a escravidão. Não queremos hegemonia, queremos parcerias.”

O governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes estavam no seminário, e foram mencionados por Lula uma vez: “Quero dizer ao Paes e ao Cabral que tudo o que foi feito no meu governo apenas recuperou o que outros destruíram ao longo dos tempos no Rio.”

Lula foi diagnosticado com câncer em outubro, fez quimioterapia e radioterapia, e o tumor desapareceu. Mas a cura só pode ser confirmada cinco anos sem sinais da doença.

Universidades vão dar títulos

Ainda no Rio, o ex-presidente Lula recebe hoje títulos de Doutor ‘Honoris Causa’ pelas universidades públicas fluminenses — UFF, UERJ, UniRio, UFRJ e UFFRRJ. A cerimônia, que começa às 10h, será no Teatro João Caetano, na Praça Tiradentes. São esperados o governador Sérgio Cabral e a presidenta Dilma Rousseff. O trânsito em torno do teatro fica fechado até as 20h.