segunda-feira, 28 de maio de 2012

Lixões muito além de Gramacho

Agência Estado
O aterro, considerado o maior da América Latina, deveria ser desativado em março de 2011RIO - O fechamento do Aterro de Gramacho, que acontecerá no dia 1 de junho, está sendo comemorado por ambientalistas, mas não significa ainda o fim dos problemas no estado. Pelo menos 30 municípios contam com lixões sem tratamento para evitar a contaminação do solo ou de rios próximos. A situação é preocupante no Noroeste Fluminense, que concentra metade das cidades que têm ainda lixões. Um aterro sanitário está previsto para a região e deve ser implantado até 2014, meta da Secretaria estadual do Ambiente para erradicar todos os lixões e fazer com que os 92 municípios do Rio deem destino adequado aos seus resíduos.


- Quando se fala em 30 municípios com lixões, parece muito, mas é preciso ver a quantidade de lixo que vai parar nestes locais. Em 2010, somente 12% do lixo produzido no estado iam para aterros sanitários. Hoje, já temos 86% - diz Carlos Minc, secretário do Ambiente.
A mudança foi possível graças à implantação de 19 aterros sanitários (outros três estão em fase de finalização). Neles, os problemas ambientais que acontecem em lixões, como contaminação do solo, vazamento de chorume para rios próximos, não acontecem. O solo é impermeabilizado e é feito o tratamento adequado do lixo e do chorume.
Prefeituras vão pagar mais caro
É claro que isso tem seu preço. Prefeituras como a de Duque de Caxias, que pagavam cerca de R$ 6 por tonelada de lixo vazada em Gramacho, vão ter que pagar quase quatro vezes mais em aterros sanitários - existem municipais e operados pela iniciativa privada.
- Sabemos que é difícil para alguns municípios pagar muito mais para vazar o lixo e não queremos que continuem jogando em lixões por falta de verba. Nos subsidiamos R$ 20 por tonelada para dois municípios e já temos mais 30 na fila. O problema é que para ter o recurso, que sai do Fecam, as prefeituras precisam estar com contas em dia, o que nem sempre acontece - diz Minc.
- Na semana passada, fui com a polícia a Tanguá. Havíamos fechado o lixão e os resíduos deveriam ir para o aterro de Itaboraí. Mas uma parte continuou sendo jogada no lixão, que é mais barato. Prendemos o responsável da prefeitura que permitiu isso - completa o secretário.
O fim dos lixões não significa que a área onde eles ficavam vai ser recuperada. Apesar de Gramacho ter várias ações para remediar a área - como extração do gás metano e controle do chorume -, o professor de Engenharia Geotécnica da Coppe, Cláudio Mahler, diz que a recuperação será difícil.
- Estudos na Alemanha mostram que uma área de lixão só se recupera cem anos depois de o último lixo ser vazado.
Mahler defende que a prefeitura divulgue publicamente o nível de contaminação do solo e da Baía de Guanabara no entorno de Gramacho para que seja possível aferir se as medidas que vão ser tomadas no local vão adiantar.
- Um grupo externo deveria ter acesso a estas informações para poder controlar, ano a ano, se as medidas são efetivas. Aquele aterro é uma caixa fechada, com informações que não são divulgadas a todos - reclama.
O Aterro de Gramacho fechará as portas no mês que vem após 34 anos de atividades. Cerca de 1.700 catadores trabalham na área de 1,3 mihão de metros quadrados.

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