Dois relatórios divulgados nesta semana comprovam o que muitos professores já sabiam: os meninos têm pior desempenho escolar do que as meninas. Por outro lado, eles são mais incentivados a trabalhar e, quando empregados, recebem salários mais altos que suas colegas do sexo feminino.
O primeiro levantamento, realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e divulgado nesta quinta-feira, trata do baixo desempenho escolar dos estudantes. O estudo, que analisou 64 países ou regiões econômicas delimitadas (como Xangai), mostra que as dificuldades de aprendizagem são maiores entre meninos do que entre meninas. Em média, 15% dos meninos têm baixo índice de aprendizagem aos 15 anos. Entre as meninas, a taxa cai para 9%.
A desigualdade de gêneros nas escolas foi registrada em todas as localidades analisadas pela OCDE. No Brasil, por exemplo, 45% dos meninos têm baixo índice de aprendizagem, taxa que cai para 40% entre as meninas. A maior diferença entre gêneros foi identificada na Jordânia, onde o baixo nível de aprendizagem atinge pouco mais de 20% das alunas, mas chega a 55% entre os garotos. Já na província de Xangai, na China, estudantes de ambos os sexos têm desempenho semelhante - e, ao mesmo tempo, excelente, pois a economia tem a melhor taxa de desempenho escolar do mundo: menos de 5% dos alunos têm dificuldade com lições de matemática, leitura e ciências.
A falta de interesse dos meninos nos estudos não se resume às atividades dentro da sala de aula. Segundo o relatório da OCDE, eles gastam uma hora a menos com lição de casa do que as meninas.
Contradição - Apesar da pior performance escolar, os meninos se destacam nas atividades que exigem conhecimentos de matemática e ciências. A explicação para isso, diz a OCDE, estaria na ansiedade e na falta de autoconfiança das garotas, que relatam dificuldade em aplicar conhecimentos científicos e matemáticos para explicar situações do cotidiano. O estudo mostra ainda que apenas 5% das estudantes demonstram interesse em seguir carreiras vinculadas à engenharia e computação. Em todos os países, a propensão para seguir essas áreas é maior entre meninos.
Quando estão no ensino médio, os meninos também relatam receber mais orientação profissional e preparação para entrevistas de emprego, diz a OCDE. A parcela de alunos do sexo masculino que disseram ter esse tipo de formação foi 10 pontos percentuais maior do que a parcela de meninas. O destaque no mercado profissional, independente do desempenho escolar, também recai sobre os homens que, já adultos, recebem salários maiores que as mulheres. Entre os brasileiros, o salário médio para o sexo masculino é de 1.342 reais, enquanto entre as mulheres a média é de 1.075 reais - diferença de 297 reais, segundo pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) divulgada na quarta-feira.
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